quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?

E tudo começou com várias fotografias e a legenda “este natal, poupa um animal”. Tudo com muito bom aspecto, incluindo o ovo a cavalo numa espécie de pizza. O primeiro comentário, “o ovo não é uma vida em potência?” A resposta foi: “sou vegetariano, não sou vegan. São conceitos diferentes. O ovo é proteína desprovida de "ordem" genética, no meu entender”. Discussão saudável por ali abaixo, admite-se a piada do ovo como vida em potência e insiste-se na alimentação equilibrada com um pouco de tudo. Mas eis que chega um peso pesado do veganismo: “não encares como crítica, mas devias deixar a proteína animal. Custa, eu sei. O queijo foi a última coisa que deixei. Cada um faz o que achar melhor, eu não imponho nada a ninguém. Aliás, nem imponho este tipo de alimentação ao meu filho”. O rapaz agora diz que é omnívoro e que prefere ingerir proteína animal através do ovo e derivados do leite do que em suplementos. “A proteína é necessária aos músculos” e tomar comprimidos não é a onda dele. E volta à carga aquela que não quer impor e traz consigo o rol dos benefícios da eliminação proteica. Insiste na liberdade de escolha de cada um. Ele atira-lhe com “estudos que dizem que a proteína animal é necessária para a reestruturação muscular”. E ela responde que por “cada estudo desses, há um que diz para banir por completo a proteína animal.” 

Esta conversa toda lembrou-me uma que tive (fui apanhada na curva) há uns anos atrás. O argumento era que o corpo humano e as características dos seus órgãos e funcionamento são próprios de uma alimentação vegetariana. Não souberam explicar porquê, só sabiam dizer que era assim. Rebati com a falta de três estômagos para chegar aos quatro de uma vaca. E falei na cadeia alimentar geral. Há animais que comem animais. A resposta foi a tal escolha, o instinto e não saber fazer de outra forma. Acabei com um: então não há a tal igualdade que defendes entre pessoas e animais? O animal pode escolher ser carnívoro, mas eu não posso. Ou o animal não possui inteligência para escolher outras formas de vida? Depois mudei de assunto porque já estava farta da pescadinha de rabo na boca e da mania da perseguição. É-me indiferente a escolha que fazem para se alimentar, não ataco ninguém. Pelo contrário, sinto-me atacada por não ser vegetariana. Se concebem a possibilidade da escolha e exigem o respeito porque raios estão sempre a querer evangelizar?

10 comentários:

  1. És atacada por não ser vegetariana? Olha agora...

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    1. As pessoas andam armadas em extremistas. É tudo ou nada. O meio termo escafedeu-se. Haja pachorra!

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    2. É mesmo isso. Falta de tolerância, fanatismos e "se não concordas comigo, estás contra mim". Haja MUITA pachorra!

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  2. se se é vegetariano pelos princípios éticos / morais de não inflingir sofrimento a animais, implica que se é contra quem não é vegetariano... Há um juízo implícito inevitável, mesmo que haja tolerância. Eu vivi uma cena, uma vez, num passeio da massa crítica (movimento pela bicicileta na cidade), apareceram imensos freaks ecologistas de rastas que nao costumam estar lá e transformaram aquilo numa manif, paralizar trânsito, discussões com condutores etc. Ora, eu conduzo também e adoro carros, aquela coisa do anti-carro e o extremismo vacinaram-me, nunca mais fui a nenhum passeio daqueles, mas já me explicaram que foi uma excepção e acredito.

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    1. O fanatismo aflige-me. As posições extremas são um fio condutor para a violência.

      Eu gosto de animais. Tenho cães e um gato. Não era capaz de os comer. Sou hipócrita? Se calhar sou. Preocupa-me a forma como são tratados mesmo que o destino final seja o meu prato? Preocupa-me. Não era capaz de criar nenhum animal para comer, também sei disso.

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  3. o comentário anterior era só para testar os limites de tolerância da autora do mesmo

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    1. Eu gosto de pensar que sou tolerante. Faço por isso, faço por perceber os motivos de quem testa os meus limites. Não gosto de posições extremas em situação nenhuma.

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