terça-feira, 18 de novembro de 2014

Amor e uma barraca | Capítulo I

O despertador vai soando cada vez mais perto até se tornar insuportável. Rosinha levanta-se assarapantada, tinha-se deixado dormir e estava novamente atrasada para abrir o Salão. Todos os dias repetia para si: “Rosinha, Rosinha tens que te levantar mais cedo. Já sabes que precisas de mais de um quarto de hora para enfiares as coxas e o rabo nos jeans”. Já tinha pensado em enviar SMS a si própria, poderiam ser mais eficazes que a ladainha e como são à borla, não tinha nada a perder.

Decidida a abater alguns minutos ao atraso, corre para a praça de táxis. Ao abrir a porta do primeiro da fila, Rosinha fica em êxtase com a figura magra de casaco de cabedal a escorrer pelos ombros e as entradas meticulosamente disfarçadas que quase não deixam ver a dermatite seborreica. Arrepende-se de não dado um jeito às raízes. Mas agora não havia nada a fazer. Responde à pergunta com o nome do sobejamente conhecido Salão: é para o Dente de Leão – Cabeleireiro Unisex. 


Cajó ao perceber a tristeza estampada em tão belo rosto, apresenta-se determinado em sacar um sorriso:

- Então, cara linda, porque está tão triste?
- Nem me diga nada, voltei a atrasar-me para abrir o Salão. Tudo me corre mal, nem ao amor tenho sorte. Valem-me as SMS à borla, não sei o que seria de mim sem elas.
- Vá, anime-se. Vou contar-lhe uma anedota. Uma senhora tinha um namorado que gostava muito da Brigitte Bardot e ela, para assinalar o aniversário do namorado, tatuou um B em cada nádega. À noite mostrou-lhe o rabo e ele, confuso, perguntou: mas... mas... mas quem é o Bob?!

Riram-se os dois que nem grunhos e entretanto chegaram ao Dente de Leão – Cabeleireiro Unisex. Rosinha prepara-se para sair e Cajó atira-lhe: não me quer dar o seu número? Também tenho SMS ilimitadas que preciso de gastar…

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