sexta-feira, 29 de agosto de 2014

As coisas que a vida tece

Andar por aí tem algumas exigências nomeadamente, arranjar quem me vigie o "gado". E, inevitavelmente, a sorte calha sempre aos meus sobrinhos. Às vezes é um, outras vezes é o outro. Mas desta vez foram os dois. "O Jota também pode ir?" - Pode. A este Jota acrescenta-se a novidade. O pai deles, divorciado da minha irmã, está emigrado "na França". Tem mulher "nova" e um enteado de 17 anos que veio com ele ao Porto: Tia, o G. também pode ficar aí? - Os meus sobrinhos também lá vão e ninguém os trata mal, o miúdo não tem culpa destas coisas. - Acedi e agora que penso nisso: foda-se, somos uma família muito moderna! Aliás, sou quase uma Sofia Vergara, só me faltam aumentar dois pormenores à frente e um pormenor atrás.

Gosto desta cena final


Since 2006

Foram motivos profissionais que me trouxeram até ao Vale do Sousa. E desde 2006 que abraço a tradição de ir à feira agrícola de Penafiel, a Agrival. Sou várias coisas ao mesmo tempo e tenho um lado mais finecas, mas a minha alma é jabarda, já o disse várias vezes. Aliás, ontem recusei uma caipirinha por isso mesmo: Não, obrigada. Eu sou do povo, gosto de cerveja e vinho.

- Que tal a Agrival?

- O costume: vacas, tractores, cavalos, pão com chouriço, artesanato da treta...
- Quim Barreiros?
- O Quim Barreiros já foi. Ontem era Quim Roscas e Zeca Estacionâncio, mas não vi. Consegui sair a tempo.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Vai aonde te leva o comboio

Meio-dia e cinco, comboio com destino a Aveiro. Entro na última carruagem quase vazia que passará a primeira e cheia depois de Campanhã. Dois bancos à frente, lado esquerdo, está de frente para mim um casal estrangeiro de mochila. Lado direito, banco a seguir ao meu e de costas para mim encontra-se um senhor que faz lembrar o meu avô paterno.

O senhor fala com o casal de uma forma meiga, vagarosa e excessivamente alta. Explica-lhes em português que “agora, vamos assim, de costas. Depois de Campanhã, o comboio dá a volta e passamos a ir virados para a frente.” Os estrangeiros mostram alguma inquietação, nota-se pelo encorrilhado da testa que estão em esforço para compreender o que lhes está a ser dito ao mesmo tempo que tentam conferir o folheto das estações e apeadeiros. Pergunto-me porque raios está o senhor a explicar-lhes aquilo, está só e apenas a confundi-los. Mas o senhor, que veste uma camisa de manga curta bege e pousou o chapéu no banco da frente, continua a insistir. Faz desenhos no ar a simular a inversão de marcha do comboio. Aponta para as extremidades da composição: trás e depois, frente! O casal arregala os olhos, pareceu-me ouvir dizer Guimarães. Fico na dúvida se deverei perguntar o destino deles. Mas o senhor está há mais tempo com eles do que eu, não deve ser Guimarães o destino final. E fico calada.
Depois de tantas explicações portuguesas, o homem do casal levanta-se e, como que atingido pela iluminação divina, repete o desenho no ar com a meia-volta do comboio. E volto a ficar com a pulga atrás da orelha, a meia-volta dele pareceu-me grande de mais.

Entrada em Campanhã e o senhor levanta-se para demonstrar o que lhes estava a explicar por gestos e palavras. Entretanto a carruagem vai enchendo e três miúdas sentam-se nos bancos onde estava o senhor e perguntam de quem é o chapéu: é meu, só fui ali dar uma informação. São polacos. São uns polacos que vão para Espinho – diz, orgulhoso. Na posse desta informação, desisto da cisma.


Não desisti completamente, para isso tinha que os ver apearem-se em Espinho. E chegamos a Espinho, o senhor levantou-se e chamou-os com uma espécie de assobio e a mão em concha: é aqui, chegamos a Espinho. Os estrangeiros não se levantam. O senhor insiste mais uma vez, acaba por sair. Não pode esperar por eles. Espinho é o destino dele e eu só penso: Meu Deus, queres ver que é para Guimarães que eles querem ir e estão (foram) convencidos que o comboio faz “inversão de marcha” em Aveiro?

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Pouca terra e muito chão

Dezassete e quarenta e oito, comboio com destino a Porto – São Bento. Cheguei à estação em cima da hora, só tive tempo para comprar o bilhete. O último cigarro antes de entrar foi adiado para primeiro cigarro depois de sair. Entro na última carruagem, já está tudo um bocadinho cheio. É impossível arranjar onde me sentar sozinha. Avisto duas senhoras, ambas já com alguma idade, posicionadas frente a frente num lugar de quatro. A uma só lhe vejo o carrapito bem enrolado no topo da cabeça. À outra, também com carrapito, vejo-lhe a saia e a camisa com o mesmo padrão floral. Vejo também que não consegue chegar com os pés ao chão e que a saia, na posição sentada, lhe sobe mais do que a religião lhe permite. Apesar do cenário, pensei que seria pacífico e que não haveria “embicanços” com os meus calções dois palmos acima dos joelhos.

Quando me sentei, o diálogo já ia avançado. Percebi que vinham de uma cerimónia, encontro ou ritual. Falavam de alguém, falavam de um homem que “não mandava nada, não é ele que manda” e, diziam, quem manda “está acima de nós”. Até aqui, nada de extraordinário. Depois começaram a falar de alguém que tinha deixado “de ir a todos e nem a Vizela ia” porque não tinha dinheiro, não trabalhava. “Não trabalhava porque não queria”, já lhe tinha ido pedir dinheiro. Só lhe deu uma vez, “foda-se e não leva mais. Que vá trabalhar! Não trabalha ela, nem ele. Andam a pedir gente nos pavilhões, ela que vá lá!” – dizia a senhora de camisola cinzenta e saia preta, agora já estava em condições de a ver melhor. Tinha-me sentado ao lado dela. Esta usava óculos de aros metalizados e chegava com os pés ao chão. A outra acenava afirmativamente e também ia acrescentando pormenores à história. Os caralho e foda-se fluíam por uma questão de pontuação. E iam olhando para mim à espera de reacção ao “as mulheres de hoje em dia querem viver à custa dos homens, foda-se para a chulice" e às variações dessa frase juntavam a segurança social e os rendimentos mínimos. Não percebi se me estavam a acusar ou a alertar. No entanto, mantive-me calada, puxei o mais que pude os calções e tapei o que pude com o saco. A tal, a que não trabalhava, já tinha três filhos. Não eram do mesmo pai e um estava numa instituição. “Não sei porque continuam a fazer filhos, as crianças não têm culpa. Nascem para sofrer!” – tive que lhes dar razão. 

Mais uma paragem numa estação ou apeadeiro e entra uma senhora à procura de lugar. Senta-se ao lado da que traz o padrão floral em fundo azul celeste. O marido segue-a, mas não tem lugar e recua. A senhora do padrão oferece-se para sair e vagar o lugar. Mas a gentileza é recusada quando percebem que esta não vai sair na próxima: “Então, qual é o problema? O seu homem ficava ao pé de si. Agora não tenho homem. Mas quando tinha, ele gostava de estar ao pé de mim. Era muito fraco, não valia nada, mas gostava de estar ao pé de mim.” Sorrimos todas com ela, mas, ainda assim, a mágoa era evidente.

Com aproximação do destino, levantaram-se. Despedidas feitas, a de cinzento ficou para trás e disse-me: Olhe, você desculpe qualquer coisinha! Peço desculpa por algumas coisas que dissemos aqui, está bem? Agora tenho que ir para lhe dizer alguns “améns”, ela não pode usar saias tão curtas!

terça-feira, 26 de agosto de 2014

A fina arte do trocadilho

Acabam-se as férias, recomeça o carsharing:

- Tenho que ir meter gasóleo, dava para ir e vir amanhã. Mas decidi que tratava disso hoje. Pode ser ou estás com pressa?
- Pode ser, sem problema.

Chegadas à bomba e, as usual, nenhuma das agulhas do lado do depósito está desocupada. Não me preocupo, vou para a que está livre. Nem me passou pela cabeça que ela soubesse de que lado era a abertura do depósito:

- Olha, mas não é do outro lado?
- É, mas não há crise. Já estou habituada, são muitos anos e já domino. É só encostar mais um bocadinho e chegar à frente.
- Já dominas a arte de puxar a mangueira, é isso?
- É!

Vou pagar e demoro um bocadinho mais do que o previsto devido ao incidente da senhora da bomba três:

- Então?
- Aquela senhora está aflita. Abasteceu e agora não consegue tirar a agulha do depósito. Foi lá dentro pedir ajuda. E a funcionária disse-lhe que "se entrou, tem de sair".
- Às vezes essas coisas acontecem, entram e custam a sair.
- Sim, já me aconteceu. Foi com um testo e um tacho. Mas resolvi o problema. É tudo uma questão de lubrificação.

Coração que não vê também sente

Se todos dizem que é o coração que sente, que sofre, que se comove, que se solidariza, quem sou eu para negar a analogia. O máximo que posso dizer é que há gente sem coração. Há gente que deixa apodrecer o coração. E por mais pena que tenha, não posso fazer nada. Até posso oferecer a minha compaixão a quem não a merece, mas não a posso dar a quem não a quer ou a quem não precisa da compaixão de ninguém. Pior do que terem pena de nós, é termos pena de nós próprios. E quando negamos o que somos, perdemos o respeito por nós e, assim, dificilmente nos respeitam.

Aos vinte, vira!

17 anos de UBI e almoço em Aveiro: vens de comboio e depois segues connosco para Guimarães, domingo vamos à feira de velharias. E lá fui eu de comboio. Chegada atribulada com subidas e descidas ao toque de telefonemas indicativos na Avenida Dr. Lourenço Peixinho. Mas cheguei. Fui a última e isso tem o inconveniente da entrada "em destaque": 

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Tenho dito!

Juro, um dia, se voltar a ouvir a combinação "com nós", irei levantar-me e, enquanto esbofeteio o emissor da frase, gritarei: É CONNOSCO, CARALHO! Até o corrector do word sabe isso! Mas hoje não foi o dia, tive medo que se juntassem a mim para almoçar. E quem convida, paga...

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Uma coisa gira para fazer!

1° passo:

Acedam a uma página ou blogue de alguém que conheçam. O ideal é que tenha muitas imagens. Copiem o link.

2° passo:

Abram este link e colem o link copiado na caixinha (parece uma caixa de pesquisa) e cliquem no botão que diz Meowbify it. Vejam o resultado!

3° passo:

Copiem o link da página ou blogue "remodelado" e enviem ao dono com o alerta de possíveis hackers no pedaço.

Ou

Copiem o link da página ou blogue "remodelado" e enviem ao dono com a mensagem: a tua página/o teu blogue foi meowbified.

Ou

Não façam nada e apreciem.

Probabilidade ou previsibilidade?

Novidades? Não há novidades. Até há, não têm é interesse e novidade que é novidade precisa de ser interessante aos olhos de quem a pede. Mas posso dizer-te que cortei o cabelo, vi o Adolfo Luxúria Canibal a pôr música no Armazém do Chá, apanhei a maior desilusão da minha vida - Apanhei? Os sinais estavam lá todos. Pior é o cego que não quer ver. -, finalmente consegui ir ao Museu Nacional de Arte Antiga e ver ao vivo e a cores "As Tentações de Santo Antão" do Bosch, a P. acabou a curta e vi o meu nome na ficha técnica, fui ver os Pixies, disse adeus ao dinheiro e desisti do mestrado por falta de confiança na instituição privada de ensino, comprei os Ray-Ban, assisti a um jogo da selecção até ao fim, cheguei a andar com as unhas pintadas de amarelo, fui às Curtas de Vila do Conde, fiz Zumba pela primeira vez, a O. conseguiu convencer-me a ir à noite de poesia, perdi o medo e comi lampreia pela primeira vez em Montemor, comprei um biquíni novo, andei pelo Algarve, onde comi um Dom Rodrigo e coentros no arroz de marisco, reli "O cão dos Baskervilles", peguei na "Correspondência de Fradique Mendes" e decidi reler "A Morte de Ivan Ilitch". Casa pintada, quadros e andorinhas afixadas. Finalmente juntei os meus amigos para jantar em minha casa, fiz uma tatuagem nova e já planeei a próxima, continuo a ouvir os Clash para me lembrar de reagir. O facto de não gostar de Ala dos Namorados não me impediu de ir a Águeda só pela companhia. Conheci a Alice e o Vicente. Os laços de sangue são sobrevalorizados e o que me une aos outros está para além disso. Os meus sobrinhos, os de sangue e os emprestados, dão-me muitas alegrias. E, ao contrário do que seria normal, eles é que me protegeram muitas vezes. A dificuldade em engordar passou a facilidade em emagrecer. Estou a tomar vitaminas. Comprei um par de calções brancos, resgatei o blazer azul de botões dourados e usei a blusa sem costas. Fui a um workshop de automaquilhagem. Descobri que posso morar em qualquer lado, mas a cidade do Porto é a minha casa. Quero que o amor se foda e continuo a não achar piada a homens demasiado bonitos. O mar faz-me falta, gosto mais da minha versão bronzeada, o azul continua a ser a minha cor preferida, o Chance Eau Fraiche da Chanel será sempre o meu perfume de eleição e mantenho o fascínio por crânios e ossadas pela certeza de sermos todos iguais por dentro. E tu, novidades?

- Fui novamente ao Peru e voltei a achar piada ao guia... sou tão previsível!

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Pay attention

E o que é o bom senso? O bom senso é algo que nem sempre reflecte a minha vontade e cuja aplicabilidade não se funde em fanatismos, nem envereda por evangelizações forçadas.

Já não me lembrava de ouvir isto


Eu nem quero ver!


V. - E o Tony Carreira que se separou?! O mulherio vai andar louco! Já estarão abertas as inscrições para a nova Sra. Carreira? Mas ele devia ter-se divorciado mais cedo, os filhos já lhe fazem sombra em matéria de atracção ao sexo oposto! 

Z. - Estava precisamente a ver isso!


V. - Vai ser o fim do mundo.

Z. - Vão chover currículos!

V. - E com fotos!!!

Z. - O Tony já veio cá à rádio, há uns largos anos, para uma entrevista...

V. - É simpático?

Z. - Até é simpático... tu não imaginas a confusão que foi aqui nas instalações, elas (as malucas) vieram aqui para a porta às dezenas!

V. - Ai jesus!!! Tipo romaria?

Z. - Mas quando foi o filho, o Mickael, foi pior! Nem eu sabia que ele vinha cá... fiquei a saber com a chegada de meia dúzia de malucas que se apoderaram da entrada!

V. - Que filme!

Z. - Tu não estás a ver!!

V. - Fónix, nem quero ver! Deve ter sido o terror, chega-me o teu relato para imaginar o fim do mundo em cuecas!

Z. - São as fãs, são as fãs...

V. - As fãs têm razões que a própria razão desconhece!

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Olha, é mesmo isto


Pinturas de Guerra III

Chegou a vez da máscara de pestanas e “podemos escolher entre as que alongam e as que dão volume aos cílios ou podemos usá-las ao mesmo tempo” – Olha, não sabia. Pensei que uma anulava a outra. Não pensei nada, nunca pensei na razão. Só achei que não dava.

Escolhi a que alonga e passamos à aplicação. Nesta etapa não adivinhava qualquer complicação. Enganei-me:

- Estás com a escova ao contrário!
- Ah?!
- V., está ao contrário!
- Ao contrário, como assim?!
- A curvatura da escova é para baixo!
- Ah?!
- Dá cá isso… é assim!

Pestanas alongadas e, logo a seguir, preenchimento, contornos e batom nos lábios:

- Vou passar a parte dos lábios.
- Então porquê? Não gosta deste cor-de-rosa? Quer um mais clarinho, mais forte?
- Só uso gloss. Não gosto de usar batom. A razão é a mesma das sobrancelhas: cicatriz! Não é coisa que me incomode, mas prefiro não sinalizá-la. Vidas, o Joaquin Phoenix também tem uma e fica-lhe bem.

Pronto, “quadro” finalizado e graças à grande ajuda das minhas ricas amigas:

- Ficaram tão bonitas!
-Também estás bonita. Tens uma cara bonita, mas tens que engordar! – Diz-me a mesma pessoa que nos saldos me aconselhou a comprar a camisola e “aproveitar para andar com a barriga à mostra” porque posso, mesmo não tendo idade para isso.
- Em Setembro, vou regressar ao ginásio para encher um bocadinho (Z., está combinado?).


A propósito de meditação


domingo, 17 de agosto de 2014

Coisas que me passam pela cabeça

Assim que dou (faço?) pisca para entrar, o automobilista lá ao fundo, que até vem no seu vagar, acelera. Começo a achar que o meu pisca está ligado, intimamente ou por wireless, aos aceleradores dos outros. O meu carro tem um ar fofinho e familiar, não é um desportivo. Não percebo porque se incomodam. E não venham com o "todas as mulheres fazem isso". Normalmente, o outro automobilista é homem e também nunca nenhuma mulher reclamou comigo por estar a cumprir o limite de velocidade, por isso: PISS OFF!

Mob wives


Estive a ver o Mob Wives no TLC. É um reality show sobre mulheres ligadas a homens que estão ou estiveram presos por actividades mafiosas. E, meu Zeus, tanto drama! São assustadoras. E não é só por causa do excesso de maquilhagem e cirurgias plásticas. Para estas senhoras, a violência verbal e física é solução para tudo. O terror infligido é tanto que os maridos mafiosos, quando querem passar a ex-maridos, mandam o advogado abordar o assunto.

Uma das senhoras, viciada em "sleeping pills", resolveu fazer uma desintoxicação. A primeira sessão em grupo foi  uma "anger management". Ela lá disse do que tinha medo e do que tinha raiva. Isto fez-me pensar: realmente, dois sentimentos tão díspares e capazes de se accionarem mutuamente. Nunca me tinha ocorrido. Outra coisa que aprendi, alimentar a raiva faz-nos perder o poder sobre a nossa vida porque passamos a viver em função do objecto da raiva. E, pronto, tal como eu já digo há alguns anos, o gosto pela leitura cultiva-se. E, para isso, mesmo que o livro seja mau, vale sempre a pena ler. Ou seja, vale sempre a pena ver reality shows, aprende-se sempre qualquer coisa. Até pode ser como não fazer.

Depois de ver isto, fiquei em modo mob wife e vou tentar convencer a P. a realizar uma curta com inspiração mafiosa. Não preciso de ser protagonista, nem figurante. Não conseguia dizê-las sem me rir. Mas alguém tem de usar estas frases:

- Não ameaço, prometo. E quando prometo, cumpro. E se cumpro, é porque faço. Fica o aviso. 
- Tão caladinhos que estamos hoje. O gato comeu-te a língua ou deixaste os tomates nas outras calças?
- E tem cuidadinho: fodo-te a ti e aos teus amigos! - esta é para ser dita com o dedo indicador quase a tocar no nariz da outra pessoa.

Não fui à Covilhã...


quinta-feira, 14 de agosto de 2014

A propósito de olhos bonitos, a L. também tem piadas giras!

- Quando era miúda, fartava-me de comer cenouras. A minha mãe dizia-me que a cenoura punha os olhos bonitos. E eu lá a comia com a esperança de acordar de olhos azuis ou verdes. Nunca aconteceu. Que estupidez. Também estava sempre a pedir espinafres. Queria ser forte como o Popeye. Mas, agora que penso nisso, para que raios queria eu ter antebraços super-desenvolvidos?! Aquela merda só pode ser doença... 

- Olha, querias ser como o Popeye e és uma Olívia Palito. É praticamente a mesma coisa!

O "é praticamente a mesma coisa" retirei-o da conversa sobre as aspirações infantis e a realidade profissional.

Pinturas de Guerra II

Retomemos a história: E agora, já acabou? - “Não, ainda falta o  eyeliner, sombras, contorno e preenchimento dos lábios, baton e máscara de pestanas. Mas vamos primeiro às sobrancelhas!" E dito isto, perguntou quem é que queria ser a cobaia das sobrancelhas e olhou para mim: 

- Quer cá vir? Ainda não veio cá, já todas vieram.
- Sobrancelhas? Não sou grande exemplo de sobrancelhas. Falta-me um bocado de sobrancelha no lado direito... cicatriz! 

Não me safei, pelos vistos, o "tratamento das sobrancelhas", é para sobrancelhas rafadas. E as amigas ajudaram à festa: 

- Vai lá, pá! Aprendes para quando fores velhota!
- Anda lá, deixa-te de merdas!

Lá fui, perdido por cem, perdido por mil. E não é que ficou bem? Disseram elas. "Pronto, vamos fazer o smokeu eyes!" - weeeeeee, que bom. 

- Eu não posso fazer o smokey eyes!
- Pois, tens os olhos pequenos... - Disse a mesma pessoa que me aconselha a trocar os óculos por lentes porque tenho "os olhos bonitos, são rasgados".
- Usas cores mais claras, tipo azul ou cinzento, assim não fica a parecer que levaste dois socos.
- Vocês são tão fixes. Obrigadão! 

To be continued...

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

E agora, pá?

Frase cagamerdeira e de português duvidoso: mea culpa!
Pronto, ok. Às vezes também faço estas coisas, sucumbo à fraqueza e partilho uma frase. Mas tenho atenuantes neste caso. Acho eu. Não me identifico com a frase em si, mas com o conceito implícito nela. Nunca gostei de ver ninguém a maltratar ou ser mal-educado com alguém só porque pode. É de cobarde. Humilhar alguém que não se pode defender, é um acto de cobardia. E tratar bem alguém só por interesse, é ser canalha e os canalhas, por norma, são cobardes. 

Acabo de partilhar a frase e cai o comentário da C.: 

Quando é que vens ao interior? Serás bem recebida! 

Serei? Que bom! Já não vou ao interior há séculos. A última vez que aí estive, estava tudo tão mudado. Acho que já não consigo andar sozinha na rua sem me perder. 

Podias vir esta semana. Vinhas à festa do Emigrante no Académico. 

Não sei, tenho que me organizar aqui para conseguir ir aí… 

Sem mais comentários, pensava eu, preparo-me para dormir. Estico-me na cama e o telemóvel toca: 

- V., estamos a ligar-te da Covilhã. Tens que vir.

- Ui, fiquei assustada. Não estava à espera de nenhum telefonema, pensei logo em más notícias!

- Estavas a dormir?

- Não, ainda não. Mas, voltando à Covilhã, não sei se consigo ir, é muito em cima da hora. Tenho que me organizar. Tenho que arranjar alguém que me fique com os cães. Não sei se o meu sobrinho pode.

- Olha, vou passar ao A., ele quer falar contigo!

- CALOIRA é para vir! Vou passar outra vez à C.

- Então, conseguiu convencer-te?

- Posto dessa forma, lá terei de ir. O meu problema são os cães.

- A S. diz para vires à vontade, podes trazer os cães se quiseres e tens onde dormir, ficas em minha casa. Olha, o A. Quer falar contigo outra vez!

- Traz a Maria Anita e o Pirata*! Ando a tentar convencer a S. a arranjar um cão lá para casa, pode ser que assim a consiga convencer.

- Mas eu agora também tenho um gato, o Conguito Mantorras!

- Traz o Mantorras! Vou passar à C.!

- Vês? só tens de vir. Tens onde ficar e os cães também. Achas que consegues estar cá na quinta à noite? É o melhor dia!

- Deixa-me organizar e depois dou a resposta, ok?

- Ok, até amanhã! Beijinhos!

- Até amanhã! Beijinhos 

E agora não sei o que faça. Vou ou não vou? Esta semana têm acontecido coisas que me fazem lembrar os tempos da UBI. Será o universo a mandar-me recados? 

*O cão não se chama Pirata, é Manuel Pantufa. Mas insiste em Pirata (creio que também já lhe chamou Piloto) porque o cão têm uma mancha preta a cobrir-lhe o olho esquerdo e tem três patas.

"You know you don't have to act with me, Steve. You don't have to say anything, and you don't have to do anything. Not a thing. Oh, maybe just whistle. You know how to whistle, don't you, Steve? You just put your lips together and... blow."


Pinturas de Guerra: prólogo

Quando é que percebi que ia correr mal? Logo no início. Mesmo antes de chegar ao local. Recuemos na história.

À hora marcada, mais minuto menos minuto, lá estava eu para apanhar a P. e o feedback ao meu bom dia foi:

- Ei lá.... Ò chunning põe isso mais baixo!
- (Estou fodida, isto não vai correr bem...) Oh... não digas isso, eu ponho mais baixo.

Estacionada a viatura e dada a moeda ao arrumador. Fomos ao encontro da M. e, logo ali no café com o pastel de nata, percebi que só tinha metade dos pincéis que elas traziam - estou a mentir. Só tenho um pincel, é o do pó bronzeador. E elas têm mais de três ou quatro cada uma - e pensei, vai ser a humilhação total se forem todas assim como elas... Que se foda! À saída do café, ainda chutaram:

- Estás aí com uma borbulha, não é normal em ti... o que andaste a comer?
- Até é bom ter-te aparecido esse "berdoejo", aprendes a disfarçar os vermelhos.
- (Ò foda-se, vou morrer!) Eu sei, eu sei. Pareço uma indiana com a pinta na testa. Não andei a comer nada fora do normal... Vidas!

Finalmente, entramos no hotel e descemos à sala do workshop. Deparo-me com uma miúda, vestido preto e com roupa interior em número errado. Estava tudo tão apertado que dava para perceber onde acabava o soutien e onde começavam as cuecas. Mas não foi isso que me assustou. O que me assustou foi a sombra azul ABBA aplicada em bloco sobre as pálpebras: foda-se, se é para me ensinar a fazer aquela merda, posso ir embora. Eu sei fazer aquilo!

To be continued...

Dá-me para cada coisa!

Foda-se. Que nojo! Saiu-me peaceful, lovely e outgoing... tentei três vezes.



Gostava de ter um assim, mas...


... já ninguém diz cimbalino, caralho! Quando era miúda, os únicos que diziam, eram os empregados de mesa que gritavam "cimbalino" para quem estava atrás do balcão tratar do pedido da mesa. E eu vivi nas Fontainhas, sei do que falo. Mas ainda há máquinas de café La Cimbali.


Porquê?

Porque não escrevo sobre o amor? Até escrevo. Mas sou uma pessoa prática. Para mim é mais fácil fazer do que dizer.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Pinturas de Guerra I

Duas amigas profissionais da automaquilhagem e eu que “não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.”, lá fui com elas a um workshop de automaquilhagem, tal e qual uma ovelha para o matadouro. 

Tinham dito para levarmos os produtos que usássemos diariamente e outros que tivéssemos lá por casa: e agora? Outono/Inverno uso o BB Cream, pó bronzeador, máscara de pestanas e gloss. Primavera/Verão, cai o BB Cream e fica o resto. Não tenho mais nada para levar… ou terei? Tenho! Tenho o coffret de sombras que a P., uma das profissionais da automaquilhagem, me ofereceu em 2010 e que ainda está por abrir. 


A sessão começou com a ensabodela sobre limpar, tonificar e hidratar a pele. Ok, faço isso todos os dias, nada de novo. Depois é que descambou: 


1º Primer: para cobrir as imperfeições e preparar a pele para receber e fixar melhor a maquilhagem. - Já pintei o interior da minha casa, sei bem o que é um primário!
 

2º Base: tornar a pele homogénea e o discurso de saber escolher a “nossa cor”. – Não é para ficar com o rosto moreno e destacado do pescoço e orelhas?
 

3º Corrector colorido: Há amarelo, azul e verde. E o verde foi espectacular para camuflar a borbulha que trazia na testa e que me dava um ar de indiana. E, quando vi a palete de cores à minha frente, fez-se luz – RGB e correcção de cor… fantástico, não só é válido em imagens como em seres humanos!
 

4º Corrector: disfarçar olheiras e manchas – mas o que pusemos anteriormente não esconde tudo?
 

5º Pó compacto: uniformizar o tom da pele e reduzir o excesso de brilho – Mas é mesmo necessário?
 

6º Blush: deve ser aplicado na parte mais alta das maçãs do rosto, esfumando-o com o pincel em movimentos circulares – Já acabou?
 

7º Iluminador ou pó bronzeador: para aumentar ou afinar partes do rosto, respectivamente – Do pó bronzeador gostei!
 

E agora, já acabou? -  “Não, ainda falta o  eyeliner, sombras, contorno e preenchimento dos lábios, baton e máscara de pestanas. Mas vamos primeiro às sobrancelhas!"

To be continued...

Vem-me à memória

Por mais que o negue, importam-me os pormenores e os momentos. E, ao Robin Williams, associo-o a um antigo namorado. Não pelo aspecto físico ou pelo jeito engraçado, mas pelos momentos que passamos a ver o trabalho dele. E a frase inesquecível que esse namorado me disse foi: as pessoas devem achar que te pago para andares comigo!

Foi um elogio. Distorcido, mas foi um elogio. Ele não era feio e eu não tinha ar de fresca. Era uma coisa de diferenças de idade, penso eu. Ele tinha 30 e eu 20. Era mais viçosa, naturalmente.

Não acredito em bruxas, mas...

Não costumo sonhar ou não costumo lembrar-me dos sonhos. E não sei dizer o que sonhei, sei que acordei confortável. Não foi um sonho bom, foi um sonho agradável e acolhedor. Mas, é a única coisa que me lembro em concreto, foi um sonho a preto e branco. O que me fez duvidar da perfeição do sonho: o preto e branco serve muitas vezes para camuflar defeitos.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Palavra de V

Conguito Mantorras as himself
Em verdade, em verdade vos digo, só sabereis o que é realmente dor quando tiverdes um gato no colo em processo de expulsão de bola de pêlo.

Chagas no facebook

Embora o título possa induzir em erro, não estou a falar da colega abrantina, nem da colega albicastrense que gostam de partilhar, numa média de 10 000 ao segundo, frases como "o silêncio é a maior arma". Já estive mais longe de espetar lá por baixo: Sério? Então estás à espera de quê para te calares, caralho?! Mas até simpatizo com as moças, são boa gente e isso é o mais importante. Pronto, adiante, há coisa de alguns meses, começou a surgir a partilha de frases de um autor contemporâneo do qual eu nunca tinha ouvido falar. O mulherio anda louco com aquilo, quer-me parecer e também me parece que por ali há muita estratégia de marketing. Já começaram a aparecer os vários serviços, sendo um deles os cursos de escrita criativa. Confesso que não me identifico muito com aquilo, é muito "Cinquenta sombras de Grey" - nunca li, mas já ouvi falar -, parece-me tudo muito vulgar. Ò pá, eu sei, eu sei, quem sou eu para dizer isto. Também sou vulgar, há muita gente vulgar. A diferença é que não aspiram a ser gurus da escrita criativa, nem gurus da redacção de listas de supermercado.


Sim, sim, sou adepta desta rede social porque me permite estar perto de quem está longe de mim geograficamente e/ou semanalmente.

Será um elogio?

Tu não tens pronúncia do Porto, tens assim uma coisa perdida de Deus.

Dividir para reinar?

Assisti a uma reunião sobre ética e futilidade terapêutica. E, a determinada altura, falou uma senhora (filósofa ou licenciada em filosofia?): hoje em dia o corpo não é visto como único, é dividido em órgãos, sistemas e funções.

Não avançou se esta visão dividida seria a mais correcta. Nestas coisas nunca há ou nunca ninguém quer assumir o que é certo ou errado. E cada caso é um caso. Mas parece-me que se subentende e pode aplicar-se a tanta coisa: Quantas e quantas vezes tratamos de um assunto e damos cabo de uma data deles, certo?

domingo, 10 de agosto de 2014

É deixá-lo ir


Hoje, li por aí, há super lua e eu queria super sol






Dias de chuva


Diz-me que não sabe ser sensata e não consegue ficar à espera. Digo-lhe que sabe o que é a sensatez, só não sabe é aplicá-la. "O problema não é dos outros. É meu. Talvez precise de ajuda para encontrar a minha serenidade." Pensar, interpretar, tentar dar significado ao que não se compreende só serve para nos desgastar. Deixei-me dessas merdas, vou andando e vendo. Será isto a serenidade?

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

O que se passa com a silly season?


Chegou Maio, passou Junho, Julho e estamos em Agosto. E onde raios estão os corpos esculturais que invadem as capas das revistas cor-de-rosa? Será isto uma prova da instabilidade climática que vivemos? Lamento ser eu a dar a notícia, mas o mundo, tal como o conhecemos, corre sérios riscos de desaparecer! A HM dá-me razão e pergunta se terão os corpos esculturais emigrado para um país onde os respeitem. O estarem à espera de Dezembro para aparecerem em pelota no sol das Caraíbas também foi um hipótese avançada: há uma linha que separa o Natal do sol das Caraíbas e eu estou no meio! É uma excelente ideia e não venham agora dizer que os corpos esculturais não têm um cérebro!

Ética: mal menor para um bem maior?

Tradição é tradição e o mês de Agosto é sinónimo de férias para muita gente. Menos para mim e alguns outros. Preciso de fazer a A4 diariamente. E a A4, troço por troço, está a ser requalificada: foda-se, tinham que fazer isto agora? Pois, a intervenção daria sempre chatices. Mas intervencioná-la em Agosto não é tão problemático como seria nos restantes meses do ano. Ok, um mal menor para atingir um bem maior e anda tão pouca gente na estrada que o "trânsito sujeito a demora" não é assim tão demorado.

Continuando nos meandros da ética, vejo este título "Medicamento experimental contra Ébola cria controvérsia ética". Felizmente não alinho em teorias da conspiração porque, se alinhasse, pensaria numa estratégia de "deixar arder" para desviar atenções. E desviar atenções de quê? Sei lá, talvez desviá-las de Israel e Palestina. Mas isso sou eu a inventar. Eu sou do povo, só não gosto é de panados.
Medicamento experimental contra Ébola cria controvérsia ética

Ler mais em: http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/ultima-hora/medicamento-experimental-contra-ebola-cria-controversia-etica

olha lá!

Portuenses são os mais felizes da Europa

Diz que chove no fim de semana


quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Quem foi o Tenente Valadim para ter tanta rua com o nome dele?

A wikipedia diz que foi por isto.

O lado fofo da vida assusta-me, mas cruzo a fronteira várias vezes




No facebook: The happy page

Crónicas de uma viagem: norte e sul

Portugal é pequenino, mas há diferenças socioculturais que nos moldam e distinguem de acordo com a nossa região de origem. Na minha breve passagem pelo Algarve, pude constatar isso em alguns diálogos. Ficam aqui alguns fragmentos:

- No Porto os homens são mais bonitos.
- Parece-te isso porque gostamos, homens e mulheres, de andar sempre arranjados.  E isso não é necessariamente mau. Mas há o reverso da medalha: temos de certeza o maior aglomerado de azeiteiros por m2. Não seguem a máxima da Coco Chanel: tirar o último acessório colocado antes de sair de casa.
- Pois, os algarvios são mais relaxados. Não sei se será pelo clima...

E, agora, um segundo diálogo platónico sobre estética e os conceitos de belo e útil com clima ao barulho:

- Está frescote, pensei que em Faro a noites fossem mais quentes.
- O tempo anda estranho, arrefece muito à noite.
- Se calhar é melhor levar um casaco para não ir assim com os ombros ao léu. Ou uma écharpe, mas não trouxe nenhuma. Tens alguma que me emprestes?
- Écharpe?! Nós não usamos isso no Verão, só tenho écharpes de inverno.
- Como não usam? A écharpe não é só para o frio intenso. Para além de ficar sempre bem esteticamente, a écharpe é um conforto nas noites frescas de Verão!

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- As pessoas do Porto têm um sentido de humor peculiar, estão sempre com trocadilhos e duplos sentidos.
- Aprendemos desde cedo a fina arte do trocadilho.

Agora, abro um parêntesis e junto um excerto do diálogo ao jantar com mais duas pessoas e, a meu ver, a possível falta de compreensão do trocadilho:

- Ele diz que podíamos ajudá-lo a concretizar um sonho.
- Que sonho?
- Ser levado a casa por três mulheres.
- Por mim, está tudo bem. Mas costumo cobrar por esses serviços, não pertenço à Make a Wish Foundation.

Silêncio total. Pareceu-me ter ouvido grilos a … grilar (?). Ou eu acho que tem mais piada do que a que tem na realidade, ou não ouviram o que eu disse, ou ficaram com pena de mim e da minha saúde financeira. Não expliquei a piada, avancei para outro tema: Podes tirar uma fotografia às três? Quero uma fotografia para memória futura destas férias.

Também falamos sobre a religiosidade e o uso do palavrão, duas situações marcadamente nortenhas. Mas, por amor de Deus, não vou falar nisso agora, caralho!

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Tenho que arranjar um assim


A travessia do deserto

Em casa de ferreiro espeto de pau e eu não fiz o trabalho de casa. Terei, durante as duas próximas semanas, uma sala de chat vazia. Poderei tentar comunicar com os amigos em férias, mas apenas receberei o eco das minhas unhas a bater no teclado. Será como gritar para dentro de um frigorífico vazio de um esquimó. E não é o eco vazio que me preocupa, às vezes até gosto de me ouvir falar, é o frigorífico que não precisa de lá estar porque não faz falta. Pronto, eu sei. Já fui e já vim e vocês também precisam.

Vá, sem medo, tenham dó de mim e enviem-me coisas giras e que tenham tudo a ver comigo para o e-mail: sistervsister@gmail.com

Coisas que acontecem

Não sendo uma das minhas preferidas, aconselho (foda-se, já damos conselhos e o caraças...) conduzirem ao som do Should I stay or should I go. O efeito é igual ao do Eye of the tiger, mas em melhor. Pronto, vão lá à vossa vida e afastem-se das estradas nacionais e vias equiparadas.

Mais libertador do que isto? Cantar Guns of Brixton às cinco da manhã num parque de estacionamento público. E com backup voices! Aos avisos de terceiros sobre operações stop nas redondezas, responder com a ridícula verdade: obrigada, ninguém está alcoolizado. Somos mesmo assim. Cantamos naturalmente mal!

terça-feira, 5 de agosto de 2014

O par social: um perfil de facebook, duas pessoas

Já ouvi falar, mas não tenho nenhum exemplo desta espécie na minha lista de amigos. Mas ouço os desabafos de quem é afectado por este flagelo. Sim, Gouveia, é para ti. Para veres que me importam os teus problemas e não é só ao prego que estou atenta: "... nem sabemos com quem estamos a falar! Mas porque raios fazem isto? Não me venham com a confiança e o nada a esconder!" A Gonçalves também tem um par social, o dela assina as publicações consoante o publicador, é lindo e já é uma ajuda. A Pinheiro e a Moreira nunca abordaram este assunto. Das duas, uma: ou não têm ou não as incomoda.

Agora vou expor as possíveis razões para isto acontecer:

- Uma casa, um computador, duas pessoas: a opção de par social possibilita estarem ambos online.

- O desejo íntimo de serem um duo de cantores pimba ou uma dupla sertaneja: a opção de par social ajuda a simular esta fantasia através da escolha do nome a ostentar. Não preciso de dar exemplos de nomenclaturas, pois não?

- Românticos incuráveis: a opção de par social permite-lhes ser um ente uno e indivisível, ainda que seja só e apenas virtualmente.

- Gémeos siameses: a opção de par social é a única forma de vida social sem causar alarido com gente a olhar de lado, de cima, de trás ou de baixo. A direcção do olhar dos outros dependerá da parte do corpo pela qual estão unidos.

Agora vou desconstruir tudo:

Meus amigos e amigas, uma pessoa é uma pessoa. Duas pessoas são duas pessoas. Logo cada pessoa é um indivíduo. E cada indivíduo tem as suas especificidades, nem todos os interesses são comuns e há formas diferentes de expressão. Confuso? Leiam mais devagar.

Para criar um perfil de facebook, basta um computador e acesso à internet. São estes dois itens que dão despesa. Criar um ou mil perfis não aumenta a despesa, logo não há poupança.

No par social, a decisão de aceitar uma amizade ou gostar de uma página tem de ser unânime. Foda-se, quem é que tem tempo para conferenciar sobre estas merdas? 

Aqui vai o meu argumento final: imaginem uma casa, duas pessoas e um quarto de banho. Dá para viver. Mas às vezes é fodido, não é?

Já não me lembrava de ouvir isto


Decisões

Em caso de dúvida, escolhe o que dança contigo e não o encostado ao balcão que te vê dançar. Por muito tentador que seja o papel de musa, mais tarde ou mais cedo, seja por ti ou por ele, não resulta.

sábado, 2 de agosto de 2014

Não sei que título lhe dar

A P. teve uma madrasta à moda antiga. Uma madrasta de contos de fada, uma madrasta má. A P. teve (tem) um pai à moda antiga, um pai ausente que agora, vendo-se sozinho, quer recuperar o tempo perdido sem reconhecer o mal que deixou (causou) fazer.

A P. tem olhos de Elizabeth Taylor, ela não é gira. A P. é lindíssima. E interessante. Mas ela não acredita nisso. Para ela, todas as outras é que são tudo. Podem ser vesgas e ter dentes tortos, podem não saber nada sobre nada, isso não lhe muda a opinião. A P. profissionalmente é uma máquina, não tem hesitações. Nas relações com o sexo oposto, entre o que lhe interessa e o que está interessado, escolhe o interessado para evitar a potencial rejeição. A P. diz-me que "quero ser cabra, estou farta de ser ovelha". Eu digo-lhe que não tem de ser cabra para as coisas resultarem, só tem que ser como é e sem receios.

A P. decidiu ir sozinha aos Picos da Europa. Diz que precisa de ficar em paz com ela. Não consegui demovê-la. "Se te vires em apuros, liga-me. Vou buscar-te a qualquer lado!", disse-lhe eu. E, agora, estou aflita porque ainda não me respondeu à mensagem de hoje. É nestas alturas que gostava de ter um taco de baseball e acertar algumas contas. Como sei que não sou capaz, iria ficar com remorsos (maldita catequese), resta-me relaxar.

50/50 ou quer ligar para casa?

Duas imagens do feed do facebook que me ficaram na retina. Ainda não decidi qual delas tem mais piada. Ou se não têm piada nenhuma. Mas já escolhi a mais irónica.



sexta-feira, 1 de agosto de 2014

As pessoas mudam

Já não se pode confiar em nada, nem o estado do tempo é fiável. Não podendo queimar os últimos cartuchos na praia, uma ida aos restos dos saldos pareceu-me um boa opção.

Nas lojas só há monos e teria sido um fiasco se a ida aos saldos não fosse uma desculpa para pôr a conversa em dia com a minha vizinha. Continuo a chamar-lhe vizinha para a diferenciar das outras Paulas que conheço. Mas já não é minha vizinha há alguns anos, é a minha amiga que já foi vizinha, ou melhor, é vizinha dos meus pais. 

Falamos sobre as pessoas mudarem e nem sempre para melhor. E que, por vezes, mais vale esquecê-las e fazer de conta que morreram porque, no fundo, elas, tal como as conhecemos, já não existem. 

Esta conversa levou-me a pensar na nossa amizade. Fomos vizinhas durante 25 anos e somos amigas há 10. Incrível, não é? Mas não podia ser de outra maneira, os interesses que agora temos em comum, não existiam na infância. Ela preferia brincar à economia doméstica com pratinhos e tachinhos. Eu gostava de jogar à bola, subir árvores e muros. Andava sempre metida em escaramuças com os rapazes. Ganhei a alcunha de selvagem por causa disso e pela juba cujos caracóis a minha mãe teimava em pentear. O ponto alto desse tempo foi quando a mãe do D. foi queixar-se: a sua filha bateu no meu filho! 

Chegou a adolescência, depois disso entrei na UBI e fui para a Covilhã. Agora somos amigas, usamos as duas vestidos. Ela tem as pernas impecáveis e as minhas estão cheias de medalhas de "bom comportamento".

Era bom, mas está a acabar


Entrei em contagem decrescente para a activação do low profile. Todas as referências a férias, praia e Verão irão autodestruir-se em 5, 4, 3, 2... Autodestruir-se?: pam pam pam pam pam...

A fotografia foi tirada na Praia do Ancão. Ainda estava branquinha, foi o primeiro dia de praia. Não posso usar as de cá de cima. De manhã, a maré tem estado vaza, só se vê rochas e sargaço. Não fica bonito. E, S., segunda-feira, já sabes, estarei aí e de branco!