segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Ouço e penso

Às vezes questiono-me como é que é possível esta gente dar-se comigo? E quando digo dar-se comigo, é dar-se mesmo. Saímos, falamos ao telefone e procuram-me para falar sobre coisas mundanas e coisas estranhas. Pessoas que param para pensar filosoficamente sobre o sentido da vida, que esmiúçam o significado da partilha, do darem-se a conhecer (aqui o conhecimento não é no sentido bíblico da coisa) e sentem que ao fazê-lo estão a vulnerabilizar-se perante os outros. E acham que os outros se devem sentir especiais por isso. Porque foram baixadas as guardas perante eles, porque os deixaram entrar para além da linha de segurança. Mas isto nem sempre acontece. Normalmente saem magoadas destas partilhas ou continuam sem objectivar o sentido da vida. Sinceramente, já me deixei destas coisas. Sou uma pessoa prática. Nunca devemos dizer tudo e o sentido da vida é fazer o melhor possível enquanto cá andamos. Não vale a pena pensar muito, esquadrinhar no vazio só nos desgasta. E quando me der a macacoa, deixem-me morrer em paz. Não me obriguem a viver só porque não querem que eu morra. Penso que é por causa disto que me procuram, quando as trocas eléctricas do cérebro começam a “curto-circuitar”, precisam de uma tomada de terra para diminuir o risco de choque eléctrico. E eu sou a tomada de terra. Mas também preciso delas, preciso delas para evitar cair no básico. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra.

2 comentários:

  1. Isto tem valor :) é como tudo na vida! gostei bastante do que li, faz pensar :)

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