Ela tinha-me dito que andava a trocar mensagens com um colega de universidade que encontrou no facebook. Não foram do mesmo ano, mas ela lembrava-se de o ver por lá. Falaram sobre música, poesia e fotografia. E ele pediu-lhe o número de telefone e convidou-a para jantar:
- Já não morres hoje! Há pouco lembrei-me de ti e perguntava-me se ontem teria corrido tudo bem.
- Só não morro hoje?
- Tem calma, um dia de cada vez! Hoje não morres e amanhã logo se vê. Como é que correu?
- Olha, a noite só não foi uma merda por causa da D'Bandada! Ele convida-me para jantar e tomar café, pergunto-lhe onde vamos jantar e responde que não sabe e que esta noite está por minha conta!?
- Ele é de onde, não é de cá? Para dizer que está por tua conta...
- Ele é do Porto!
- E onde foram, às bifanas do Conga ou às sandes de presunto da Badalhoca? Estou a brincar!
- Ontem, estava tudo cheio. Perguntei se gostava de comida moçambicana, disse que nunca tinha comido e levei-o ao Tia Orlanda. Estava cheio e ele lá se lembrou de um que costuma ir em Mouzinho da Silveira: era uma churrasqueira! E escolhe a primeira coisa da lista: rodízio! Já ninguém pede isso!
- Quem gosta de comer em quantidade, pede isso.
- No fim do jantar, sugere "vamos a um bar onde costumo ir". Mas quem é que se lembra de ir a um bar na noite da D'Bandada? Estava vazio, claro! O dono desse bar costuma ir às noites de poesia do Pinguim. E pergunta-me ele: gostas de poesia? Falei com ele tantas vezes sobre as noites de poesia e que organizava algumas noutros locais e ele faz-me essa pergunta? Também lhe tinha dito que já tinha ido duas vezes à exposição do Cartier-Bresson e ele diz que quer ir ver a exposição?! Felizmente, havia outras exposições no AXA. E, ainda por cima, percebi que ele não sabe um corno de fotografia!
- Porque não me enviaste uma mensagem como eu te disse? Tinha te telefonado com um pedido de ajuda qualquer e ias para casa!
- Que ia para casa?! Ia ter contigo! Lembrei-me tantas vezes de ti!
- E eu com um vestido por estrear, já viste?
- Podes crer, sair com quem não se conhece bem é um risco!
- Olha, e ele tentou alguma coisa?
- Encostou-se duas ou três vezes, mas fiz de conta que não percebi.
- E depois?
- E depois fui levá-lo a casa que ele tem carta e carro, mas não gosta de conduzir. Perguntou-me se queria ir à feira do livro hoje e se as saídas eram para continuar. Disse-lhe que ia à feira do livro com a minha mãe e que íamos falando.
- Não correu nada bem. Olha, deixa lá. Ele nem era assim muito bonito.
- Não é bonito, mas podia ter garra. Uma coisa compensa a outra. Ele não tem nenhuma!
- Sabes o que te digo, vou aceitar o pedido de amizade do musculoso com a fotografia de perfil em tronco nu e que não conheço de lado nenhum!
"Encostou-se duas ou três vezes, mas fiz de conta que não percebi." ahahahahah que pérola. Nas imagens em repetição ficou provado que houve contacto na área. Suponho que seja isso.
ResponderEliminarPs Os primeiros "dates" só são um problema se as pessoas sairem de casa com a expectativa de tudo ter que ficar resolvido numa noite. Eu quando saio, saio como amigo, tentando ser boa companhia e com uma pessoa que eu ache que na pior das hipóteses será uma boa companhia, num programa giro, etc. Depois logo se vê onde vai dar o caminho e se não der em lado nenhum também não se perdeu nada porque a noite foi no mínimo engraçada e amigos como dantes.
Supões bem, houve contacto mas sem sucesso final!
ResponderEliminarPs O problema é mesmo esse, expectativas demasiado altas. Ela estava furiosa porque achava que "tinham tudo a ver" e a mim só me dava para rir com o relato. A cereja no topo do bolo foi: a determinada altura, deixei de fazer conversa. Ele concordava com tudo o que eu dizia!
É como dizes... as iludências aparudem!!!
ResponderEliminarE muito!
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