domingo, 28 de setembro de 2014

Cristo, porque me sujeito a isto?

"Queres ir comigo a uma loja, é ali nas Antas, que estás com coisas a 50, 60 e 70%?" E lá fui. Fui com ela no sábado passado. Experimentamos tudo e mais alguma coisa só porque sim. No fim, compramos duas peças cada uma. A história acabava por aqui se eu não tivesse calçado os sapatos que "estão a um bom preço". Não os trouxe. Tê-los deixado lá, deu-me cabo do humor para a semana toda. Tudo e todos me irritavam. Costumo guardar os palavrões para o fim de semana, mas eles saíam engatilhados e não conseguia fazer nada para além de "caralho, ninguém usa o hotmail como contacto profissional!! Foda-se, não consigo enviar-lhe um e-mail com uns míseros kbytes. Puta que pariu, é um e-mail da merda, como é possível?!", por exemplo.

A minha veia fútil e a minha veia racional passaram a semana a bater bolas: os sapatos são lindos, mas este ano não se usam picos. Eu preciso mesmo deles. Não, não precisas. A senhora da loja disse que eu ficava poderosa e que devia usar sempre saltos. Tens mais sapatos altos e foge-te sempre o pé para a sabrina. Não aguentei a chinfrineira e liguei a perguntar por eles. Coitadinhos, ainda lá estavam. Combinei lá voltar para vê-los nos meus pés outra vez. Mas levaria uma saia lápis (não dizemos pencil skirt) e um par de calças de ganga (também não dizemos jeans, não há cá frescuras) para tentar aferir a versatilidade dos sapatos (podia chamá-los de pumps, mas não me apetece). Foi com este argumento que convenci a veia racional. Fui lá ontem e comprei-os. 



Com saída já marcada, pareceu-me boa ideia estreá-los. A sensação de boa ideia durou do parque de estacionamento até sair do Candelabro. Aguentei bem as teorias da P., as desventuras da O., o relato do episódio de urgência daquele que partiu a cabeça, o que só funciona com agenda para dois dias também foi pacífico, a moça que só consegue trabalhar "artisticamente" depois de alguém começar, etc. Mas assim que decidimos mudar de poiso, aconteceu o que eu já sabia no meu íntimo que ia acontecer: não aguento mais os sapatos! E depois ouvi esta música e achei que a minha recente relação com os sapatos se enquadrava na temática:



Porque me sujeito a isto? Sim, sou oficialmente burra. Mas não muito. Na vida como nos sapatos, da experiência, boa ou má, resultam sempre lições de vida. Tento ter sempre um plano B. E tenho um par de sabrinas na mala do carro.

2 comentários:

  1. Os sapatos são lindos e ficam-te a matar. E, pelos vistos, a matar, literalmente.
    É uma porra. Os sapatos são como os homens.
    (subitamente, senti-me a Lili Caneças)

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    1. Antes Lili Caneças que outra coisa qualquer! Hoje, ligaram-me a perguntar pelos pés. Por mim, ninguém perguntou :D

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