terça-feira, 20 de maio de 2014

C'a puta de seca - 1

Vi uma vez um documentário sobre a evolução tecnológica e humana e como essa suposta evolução promoveu a hegemonia da racionalização em detrimento do nosso lado animal. Decisões e comportamentos assentes em racionalismos, esquecendo a intuição que herdamos da bestialidade. O tal lado animal e inato que esquecemos ou negamos cada vez mais.

O documentário mostrava situações de crime e assaltos. Era um documentário da treta, eu sei. Contudo, não deixa de ser um conceito interessante porque, tenho a certeza, já todos passamos por isso: alguém que estranha o que o rodeia. Não consegue apontar-lhe o dedo, mas que o sente, sente. Desvaloriza porque não é racional dar ouvidos a uma intuição. E fode-se!

Não precisamos de ser assaltados para perceber que devíamos ter dado ouvidos à nossa intuição e aos alertas dos nossos sensores físicos. Nascemos animais e só depois é que racionalizamos a nossa existência. E é por isso que alguns de nós, em vez de se tornarem melhores pessoas, pioram com a idade. Pronto, aqui estou eu a racionalizar as minhas experiências: a racionalização dos instintos faz de nós mentirosos. Mas, por outro lado, também é a racionalidade que nos faz pesar a consciência. Ou seja, cheguei a este paradoxo e não sei sair daqui.

8 comentários:

  1. Eu vou ajudar-te... a piorar as coisas.
    Nós não nascemos animais e depois coiso e tal. Nós nascemos racionais com uma (alguma) carga genética animal, institiva, que é sobretudo o medo, sobrevivência e reprodução. Toda a nossa sobrevivência está (agora) dependente da racionalização e não do instinto porque é isso que nos mantém in, nos eixos da sociedade, porque usamos a racionalização para justificar comportamentos quando, na realidade, as razões para esses atos não são recomendáveis.
    Hum? Que tal? Sai-me bem? Belo tema que foste arranjar, sim senhora... e agora somos dois a dançar este tango...

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    1. Saíste-te bem. Faz sentido. E ainda assim não fiquei satisfeita. Tenho a mania das respostas únicas e objectivas. Mesmo sabendo à priori que nestes assuntos nunca há uma resposta certa. Quer-me parecer que ao nascer somos todos animais com potencial racional.Continuo a cismar no conceito da tábua rasa que é corrompida/preenchida ao longo do tempo. Aquela treta do não sermos maus, mas que nos vamos tornando maus... Olha, continuo a não conseguir sair daqui... Bela merda que arranjei :)

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  2. Andas a estudar filosofia a mais.
    Por mim falo: estou a fazer o percurso inverso. Cada vez mais dou ouvidos ao instinto, ainda que tudo me grite (outras pessoas e a minha cabeça) que, racionalmente, aquilo está errado. Se não fosse assim, a esta hora ainda tinha um certo job, por exemplo.

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    1. A minha dúvida acaba por ser essa. Devemos racionalizar ou seguir os instintos?

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    2. Sabes porque ando a pensar nestas merdas? Estou a tentar arranjar justificação para uma atitude menos boa que tiveram comigo. E a tentar decidir como agir e ao mesmo tempo a tentar perceber porque não segui os meus instintos quando comecei a estranhar.

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  3. Não conhecendo a atitude em concreto, e só podendo responder pelo meu exemplo, como te digo, geralmente sigo o instinto. Não me tenho dado mal, a menos que consideremos "dar mal" aquilo que a razão impõe (no exemplo do job, o facto de ficar sem trabalho, sem ordenado, etc.).

    Encontrar justificação para as atitudes dos outros pode ser um beco sem saída. É preciso conhecer o passado, as nóias, quase a composição química do cérebro.

    "A melhor maneira de lidar com o inexplicável é ignorá-lo até que se torne explicável" (não é minha, mas não sei de quem é) - é uma saída possível...

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  4. Na verdade não sou eu que tenho de justificar nada. A minha vontade é confrontar... Mas sei que é gastar energias com alguém que não vale a pena o esforço. Vou ignorar!

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