quinta-feira, 29 de maio de 2014
Tomara eu ter uma carteira assim que levasse tanta coisa e ocupasse tão pouco espaço
Esconde 200 doses de droga na vagina
Proponho a senhora para canhão do homem bala. Há espaço de sobra. E é enviar as coordenadas para nova triangulação, palpita-me que se procurarem bem encontram por lá o Boeing 777 da Malaysia Airlines!
Como disse o Gouveia: não sei qual é o tamanho das doses, mas duzentas são duzentas!
quarta-feira, 28 de maio de 2014
Foi assim que aconteceu
Cantina, 13h30 da tarde, frango com cogumelos e chalotas (isto de ver o masterchef dá-me algumas vantagens). Passo as batatas fritas e prefiro o arroz. Última colher de gelatina e começo a levantar-me para ir buscar o café. A colega continua a falar e, como sou educada, não desvio o olhar mas vou tentando alcançar a cadeira com o braço esticado para trás. Dou dois a três toques com a mão e sem olhar. A textura da cadeira parece-me estranha. Viro-me e vejo alguém assustado com o pescoço em forma de torcicolo. Não havendo buraco para me enfiar, lamento e tento desvalorizar o sucedido com o maior sorriso que a minha cara consegue aguentar:
- Desculpe! Foi sem querer... pensei que era a cadeira... podia ter sido pior, podia-o ter agarrado pelo ombro e puxá-lo com toda a força! Menos mal, hein?
- Sim, sim. Mas acho que ainda estou sólido o suficiente para não conseguir arrancar-me um braço!
UNIVERSO porque conspiras contra mim, caralho?! Obrigadinha...
- Desculpe! Foi sem querer... pensei que era a cadeira... podia ter sido pior, podia-o ter agarrado pelo ombro e puxá-lo com toda a força! Menos mal, hein?
- Sim, sim. Mas acho que ainda estou sólido o suficiente para não conseguir arrancar-me um braço!
UNIVERSO porque conspiras contra mim, caralho?! Obrigadinha...
terça-feira, 27 de maio de 2014
Pareço uma radiografia aos pulmões (Dona Alice dixit)
A ideia era comprar dois pares de calças. Simples. Nada
de extraordinário, nada que já não tenha feito antes. Duas amigas para
dar a opinião sobre calças estampadas. E uma tarefa que se revelou
árdua. Dezenas foram experimentadas e só consegui trazer um par. Menos
mal, a frustração já não foi tão grave. Para descomprimir, cada uma pegou numa peça que gostava mas sem ter a certeza do resultado final:
Outfit 1
Vestido tigresse com ênfase nas glândulas mamárias dando um toque de puérpera.
Outfit 2
Camisola de malha evasé batendo mesmo em cheio no meio das ancas e dando um toque de anca parideira.
Outfit 3
Top sintético com folhos e cheio de electricidade estática, deixando vislumbrar a barriga e dando um toque de velha gaiteira.
Outfit 1
Vestido tigresse com ênfase nas glândulas mamárias dando um toque de puérpera.
Outfit 2
Camisola de malha evasé batendo mesmo em cheio no meio das ancas e dando um toque de anca parideira.
Outfit 3
Top sintético com folhos e cheio de electricidade estática, deixando vislumbrar a barriga e dando um toque de velha gaiteira.
Priceless!
Ridículo
Como é que eu posso dizer isto sem ser grosseira? Não posso. Não há outra maneira. Sinceramente, há homens que só podem ter sido paridos por pedras. O desrespeito é tal que parece-me impossível terem saído de uma vagina.
segunda-feira, 26 de maio de 2014
UFO de silicone
Comprei a camisa no ano
passado, ainda não a tinha usado e o aniversário do melhor amigo do facebook pareceu-me
a altura ideal para o fazer. A camisa é rendada nas costas e passei a semana a
fazer pesquisas online para perceber a melhor forma de a usar: cheguei aos
discos de silicone para aconchegar as miúdas e prevenir as reacções físicas ao
arrefecimento nocturno.
Da pesquisa online, passei para o vox pop:
- Olha, já alguma vez usaste discos de silicone? Sabes se funcionam bem ou descolam com facilidade?
- Nunca usei, mas conheço amigas que são fãs e consegues comprar isso nos chineses!
- Eu usei no meu casamento, já me divorciei e os discos ainda duram. Custaram 5 euros no chinês.
- Acho que consegues comprar numa loja dos chineses, já me falaram disso. Dizem que é fixe.
- Há nas lojas dos chineses, mas nunca usei.
Pronto, posto isto, ficou a tarde de sábado reservada para a ida ao chinês e chego à conclusão que os chineses andam a desaparecer: foda-se, havia para aí uma meia dúzia de lojas na Rotunda da Boavista e agora só se arranja “uma junto à Gomes Teixeira na Praça da Galiza”. No Campo alegre, idem aspas. Resta um. Não havia uns Vistos Gold e benefícios fiscais? Adiante. Fui à da Gomes Teixeira. Ena, tanta cena atulhada. Um clássico destas lojas! Qualquer dia diz-se que há de tudo como no chinês e não como na farmácia. Só não vai mesmo acontecer porque eles andam a desaparecer:
- Se fosses uns discos de silicone, onde é que estavas?
- Ao pé dos soutiens e cuecas!
Mas não estavam, "pergunta se há" e como é que eu explico? E lá perguntei desenhando no ar dois círculos sobre o peito:
- Tem discos de silicone?
- Já na tem, tinha, já na tem, já na tem. Já na tem. Já na tem.
- (Percebi à primeira, caralho!) Ok, obrigada.
Cismei que ia usar a camisa e usei-a mesmo. Só não comprei os discos nos chineses. E foi um bocadinho mais caro. Podia ter comprado os tapa mamilos como a menina da loja sugeriu. Custavam 4,99 euros, mas achei que com os 19, 99 euros ficava mais protegida.
O jantar foi muito bom, a companhia foi ainda melhor (a malta do mestrado rules!) e o bolo estava uma delícia. Consegui dançar sem grande stress o rock dos anos 90. Tive apenas dois incidentes de descolamento: um no carro e outro quando abracei o aniversariante. De resto, acho que disfarcei bem os agarranços-ao-peito-só-para-confirmar. Acho…
Da pesquisa online, passei para o vox pop:
- Olha, já alguma vez usaste discos de silicone? Sabes se funcionam bem ou descolam com facilidade?
- Nunca usei, mas conheço amigas que são fãs e consegues comprar isso nos chineses!
- Eu usei no meu casamento, já me divorciei e os discos ainda duram. Custaram 5 euros no chinês.
- Acho que consegues comprar numa loja dos chineses, já me falaram disso. Dizem que é fixe.
- Há nas lojas dos chineses, mas nunca usei.
Pronto, posto isto, ficou a tarde de sábado reservada para a ida ao chinês e chego à conclusão que os chineses andam a desaparecer: foda-se, havia para aí uma meia dúzia de lojas na Rotunda da Boavista e agora só se arranja “uma junto à Gomes Teixeira na Praça da Galiza”. No Campo alegre, idem aspas. Resta um. Não havia uns Vistos Gold e benefícios fiscais? Adiante. Fui à da Gomes Teixeira. Ena, tanta cena atulhada. Um clássico destas lojas! Qualquer dia diz-se que há de tudo como no chinês e não como na farmácia. Só não vai mesmo acontecer porque eles andam a desaparecer:
- Se fosses uns discos de silicone, onde é que estavas?
- Ao pé dos soutiens e cuecas!
Mas não estavam, "pergunta se há" e como é que eu explico? E lá perguntei desenhando no ar dois círculos sobre o peito:
- Tem discos de silicone?
- Já na tem, tinha, já na tem, já na tem. Já na tem. Já na tem.
- (Percebi à primeira, caralho!) Ok, obrigada.
Cismei que ia usar a camisa e usei-a mesmo. Só não comprei os discos nos chineses. E foi um bocadinho mais caro. Podia ter comprado os tapa mamilos como a menina da loja sugeriu. Custavam 4,99 euros, mas achei que com os 19, 99 euros ficava mais protegida.
O jantar foi muito bom, a companhia foi ainda melhor (a malta do mestrado rules!) e o bolo estava uma delícia. Consegui dançar sem grande stress o rock dos anos 90. Tive apenas dois incidentes de descolamento: um no carro e outro quando abracei o aniversariante. De resto, acho que disfarcei bem os agarranços-ao-peito-só-para-confirmar. Acho…
sexta-feira, 23 de maio de 2014
quinta-feira, 22 de maio de 2014
Ò foda-se, pêlos encravados outra vez?!
Será de mim? Não sei. Penso que não. Qual é o limite do bom tom? Qual é a
linha que separa o narcisismo da auto-estima? Interessa-lhe receber
elogios de todos ou recebê-los de alguns? Esfregar a sexualidade em tudo
o que mexe é mesmo necessário? Não tem mais nenhuma qualidade para
mostrar? Foda-se, porque raios me preocupo com isto? Já sei! Lidar com o
sentimento de vergonha alheia começa a ficar difícil.
C'a puta de seca - 2
Numa aula de hermenêutica, lembro-me de falarmos sobre
interpretações e linguistas, ao barulho entrava o "Alice no País das
maravilhas" de Lewis Carroll e que os melhores linguistas são as crianças. Usam a
linguagem, não a interpretam. A minha cabeça faz ligações que a própria
razão desconhece. Tenho que tirar um dia para endireitar e arrumar por
ordem alfabética ou por cores todos estes conceitos isolados. E onde é
que eu queria chegar com esta conversa? Nestes últimos tempos, tenho
prestado mais atenção ao que os sobrinhos, de sangue e emprestados, dizem. E a verdade é que
eles têm uma visão bem mais prática e preto no branco das coisas. Não
inventam desculpas para comportamentos errados, não racionalizam e dizem o
que sentem, até sabem distinguir o bem do mal e, às vezes, até nos protegem
quando pensamos nós que os estamos a proteger.
Basófias: quem quer faz...
Estão familiarizados com os fazem-e-acontecem-tudo-e-não-preocupes-eu-conheço-o-gajo-e-considera-isso-resolvido-e-ainda-não-falei-com-ele-mas-não-passa-de-amanhã? Estou a um dia de dizer: faz um favor ao mundo e pára de respirar!
E o mais fixe é quando nem lhes pedimos nada, oferecem-se simplesmente.
E o mais fixe é quando nem lhes pedimos nada, oferecem-se simplesmente.
quarta-feira, 21 de maio de 2014
terça-feira, 20 de maio de 2014
Sim, o número 1 estrategicamente colocado lá em baixo significa que há continuação. Mas, entretanto, deixo-vos uma piada sobre os globos de ouro para humidificar
O que há em comum entre as vestes envergadas por estes dois e o próprio José Castelo Branco?
- Nunca deviam ter saído do armário!
- Nunca deviam ter saído do armário!
C'a puta de seca - 1
Vi uma vez um documentário sobre a evolução tecnológica e humana e como essa suposta evolução promoveu a hegemonia da racionalização em detrimento do
nosso lado animal. Decisões e comportamentos assentes em racionalismos, esquecendo a intuição que
herdamos da bestialidade. O tal lado animal e inato que esquecemos ou negamos cada vez mais.
O documentário mostrava situações de crime e assaltos. Era um documentário da treta, eu sei. Contudo, não deixa de ser um conceito interessante porque, tenho a certeza, já todos passamos por isso: alguém que estranha o que o rodeia. Não consegue apontar-lhe o dedo, mas que o sente, sente. Desvaloriza porque não é racional dar ouvidos a uma intuição. E fode-se!
Não precisamos de ser assaltados para perceber que devíamos ter dado ouvidos à nossa intuição e aos alertas dos nossos sensores físicos. Nascemos animais e só depois é que racionalizamos a nossa existência. E é por isso que alguns de nós, em vez de se tornarem melhores pessoas, pioram com a idade. Pronto, aqui estou eu a racionalizar as minhas experiências: a racionalização dos instintos faz de nós mentirosos. Mas, por outro lado, também é a racionalidade que nos faz pesar a consciência. Ou seja, cheguei a este paradoxo e não sei sair daqui.
O documentário mostrava situações de crime e assaltos. Era um documentário da treta, eu sei. Contudo, não deixa de ser um conceito interessante porque, tenho a certeza, já todos passamos por isso: alguém que estranha o que o rodeia. Não consegue apontar-lhe o dedo, mas que o sente, sente. Desvaloriza porque não é racional dar ouvidos a uma intuição. E fode-se!
Não precisamos de ser assaltados para perceber que devíamos ter dado ouvidos à nossa intuição e aos alertas dos nossos sensores físicos. Nascemos animais e só depois é que racionalizamos a nossa existência. E é por isso que alguns de nós, em vez de se tornarem melhores pessoas, pioram com a idade. Pronto, aqui estou eu a racionalizar as minhas experiências: a racionalização dos instintos faz de nós mentirosos. Mas, por outro lado, também é a racionalidade que nos faz pesar a consciência. Ou seja, cheguei a este paradoxo e não sei sair daqui.
segunda-feira, 19 de maio de 2014
A ironia é uma incompreendida
Apesar de não ser regra, há palavras que trazem consigo a conotação positiva. Sempre que alguém inicia uma frase com um dos vários derivados do surpreender, fico à espera da boa notícia.
Not all those who wander are lost
Já ando a pensar nas férias. E acho que apanhei o gosto pelo andar perdida e às aranhas. Depois da ida a sul que será devidamente acompanhada, guardarei uns dias para me perder. Só preciso de um voluntário que também não domine o local a visitar e que esteja disposto a desesperar com mapas e a manter a calma quando tudo corre mal.
sábado, 17 de maio de 2014
sexta-feira, 16 de maio de 2014
Cenas que me fodem...
... uma piada genial, mas politicamente incorreta porque refere partes íntimas do corpo e aborda, embora não directamente, o sofrimento humano e não poder repeti-la.
quinta-feira, 15 de maio de 2014
Não é o hábito que faz o monge
Estão a ver aquelas senhoras que usam corsários caqui? Que são gordinhas e
baixinhas e pensam que usar corsários é o mesmo que usar calças: servem
na cintura e chegam ao tornozelo? Pois bem, não é a mesma coisa.
Continuam a ser calças curtas com atilhos no fundo.
quarta-feira, 14 de maio de 2014
Deixar passar o prazo de consumo e alguém morrer de fome em África: efeito borboleta?
"Deixa-te de egocentrismos, as coisas más que acontecem não são por tua causa! É o processo natural, há coisas más a acontecer sempre e em todo o lado."
Às vezes preciso que me chamem à terra. P., obrigada.
Às vezes preciso que me chamem à terra. P., obrigada.
terça-feira, 13 de maio de 2014
Papelinho e caneta nunca fizeram mal a ninguém
Para mim serão sempre a malta do mestrado. O mestrado não é meu e o que nos liga é uma pós-gradução e o sentido de humor distorcido. Nada que me admire, pois tenho tendência a rodear-me de pessoas assim. Mas, adiante, o episódio que aqui vou contar já aconteceu há algum tempo. Podia avançar já para a parte importante, todavia, vou contar tudo e sem medo de represálias: quem me desamigar no facebook, está fodido comigo!
A tarde de sábado começa com a romaria ao Spot SPA da Z.. Somos mais do que as mães e entre tatuagens, depilações a cera e a laser, manicures e massagens houve tempo para pôr a conversa em dia. E em nenhuma destas actividades falhou o apoio e as palavras de coragem porque isto de uma pessoa se sujeitar a manicures tem o que se lhe diga. Não é fácil aguentar todo este processo de camadas sem ter quem nos segure a mão.
O jantar é em minha casa e "vamos buscar pitos porque já é tarde para cozinhar". Tenho dois cães e um gato. Catatau, Z. e Cantora têm alergias. A Catatau escapou mais ou menos incólume, a Z. arriscou pouco no toque aos canídeos, a Cantora embrulhou-se com eles e, perante o meu ar de culpada, repetia: Dão de breocubez, eu dão ezdou em zofribendo! E mesmo toda entupida, a Cantora, como a própria alcunha indica, não resistiu a cantar e, verdade seja dita, cantou Eros Ramazzotti na perfeição! Felizmente os rapazes não sucumbiram às alergias e o número de baixas devido ao pêlo canino manteve-se no um.
Sobremesa comida (mousse de maracujá feita por mim, by the way e, melhor amigo do facebook, não posso falar do teu cheesecake porque só o provei dois jantares depois) e lá vamos nós para as Galerias ou Galdérias, tudo depende da escrita inteligente em uso. Para mal dos nosso pecados, fosse no Porto Tónico ou no The Wall, estavam em alta o Anselmo Ralph e Nelson Freitas, entre outros. Ainda tentamos o Rendez Vous porque, segundo a Catatau, "dá rockalhada como no Rádio que tu tanto gostas": fixe, quero conhecer outros sítios para não acabar sempre no mesmo! Mas neste dia estava tudo ao contrário, "vamos para o The Wall que o ambiente sempre é melhorzinho". E lá começou a luta das coreografias entre a Cantora e o melhor-ajudante-ever-para-correr-tudo-bem-ao-jantar perante os corpos estáticos do melhor amigo do facebook, Z., Catatau e meu. Mas, olha, "Já que não podes vencê-los, junta-te a eles!"
Chegada a hora de ir embora, paga-se a conta e pé na rua:
- Ò Cantora, o gajo não parava de olhar para ti!
- A sério?
- Sim, vai lá entregar-lhe um papelinho com o teu número de telefone!
- Alguém tem papel? Alguém tem caneta?
Revistadas as malas e casacos, lá aparece o papel e a caneta. A missão é relâmpago: entrar, entregar e sair! "Já está, oupa, vamos, vamos!" (Se a rua fosse residencial, ao verem-nos assim a correr, ziguezagueando pela multidão, pensariam que andávamos a tocar à campainhas.) E, cinco minutos passados, começam a cair as mensagens: missão cumprida!
Dia seguinte, reunião virtual no chat do facebook:
- Já telefonou?
- onde é que anda a Cantora?
- Deve estar a dormir!
E lá vem a "boa nova":
- Mandou mensagem às 09h00 da manhã: "Bom dia, princesa..." Caralho, estava a dormir!
Em anexo, chega o perfil do rapaz. Minutos de silêncio, ou minutos de ecrã a branco, ninguém quer ser o primeiro a dizer...
- Caralho, tenho que ir tratar das vistinhas: o gajo é feio!
Dito e feito, Cantora usa agora óculos e já tem stock de papelinho e caneta.
A tarde de sábado começa com a romaria ao Spot SPA da Z.. Somos mais do que as mães e entre tatuagens, depilações a cera e a laser, manicures e massagens houve tempo para pôr a conversa em dia. E em nenhuma destas actividades falhou o apoio e as palavras de coragem porque isto de uma pessoa se sujeitar a manicures tem o que se lhe diga. Não é fácil aguentar todo este processo de camadas sem ter quem nos segure a mão.
O jantar é em minha casa e "vamos buscar pitos porque já é tarde para cozinhar". Tenho dois cães e um gato. Catatau, Z. e Cantora têm alergias. A Catatau escapou mais ou menos incólume, a Z. arriscou pouco no toque aos canídeos, a Cantora embrulhou-se com eles e, perante o meu ar de culpada, repetia: Dão de breocubez, eu dão ezdou em zofribendo! E mesmo toda entupida, a Cantora, como a própria alcunha indica, não resistiu a cantar e, verdade seja dita, cantou Eros Ramazzotti na perfeição! Felizmente os rapazes não sucumbiram às alergias e o número de baixas devido ao pêlo canino manteve-se no um.
Sobremesa comida (mousse de maracujá feita por mim, by the way e, melhor amigo do facebook, não posso falar do teu cheesecake porque só o provei dois jantares depois) e lá vamos nós para as Galerias ou Galdérias, tudo depende da escrita inteligente em uso. Para mal dos nosso pecados, fosse no Porto Tónico ou no The Wall, estavam em alta o Anselmo Ralph e Nelson Freitas, entre outros. Ainda tentamos o Rendez Vous porque, segundo a Catatau, "dá rockalhada como no Rádio que tu tanto gostas": fixe, quero conhecer outros sítios para não acabar sempre no mesmo! Mas neste dia estava tudo ao contrário, "vamos para o The Wall que o ambiente sempre é melhorzinho". E lá começou a luta das coreografias entre a Cantora e o melhor-ajudante-ever-para-correr-tudo-bem-ao-jantar perante os corpos estáticos do melhor amigo do facebook, Z., Catatau e meu. Mas, olha, "Já que não podes vencê-los, junta-te a eles!"
Chegada a hora de ir embora, paga-se a conta e pé na rua:
- Ò Cantora, o gajo não parava de olhar para ti!
- A sério?
- Sim, vai lá entregar-lhe um papelinho com o teu número de telefone!
- Alguém tem papel? Alguém tem caneta?
Revistadas as malas e casacos, lá aparece o papel e a caneta. A missão é relâmpago: entrar, entregar e sair! "Já está, oupa, vamos, vamos!" (Se a rua fosse residencial, ao verem-nos assim a correr, ziguezagueando pela multidão, pensariam que andávamos a tocar à campainhas.) E, cinco minutos passados, começam a cair as mensagens: missão cumprida!
Dia seguinte, reunião virtual no chat do facebook:
- Já telefonou?
- onde é que anda a Cantora?
- Deve estar a dormir!
E lá vem a "boa nova":
- Mandou mensagem às 09h00 da manhã: "Bom dia, princesa..." Caralho, estava a dormir!
Em anexo, chega o perfil do rapaz. Minutos de silêncio, ou minutos de ecrã a branco, ninguém quer ser o primeiro a dizer...
- Caralho, tenho que ir tratar das vistinhas: o gajo é feio!
Dito e feito, Cantora usa agora óculos e já tem stock de papelinho e caneta.
quarta-feira, 7 de maio de 2014
Crónicas de uma viagem: last but not least
As Tentações de Santo Antão, Hieronymus Bosch Museu Nacional de Arte Antiga |
Crónicas de uma viagem: Último dia na capital e três coisas por fazer
Despacho-me e saio a correr do quarto, quero um pequeno-almoço com todos antes de cada um ir para seu lado: Onde é que eles estão? Será que cumpriram a ameaça e estão fechados num quarto a comer iogurtes? Falso alarme! Cá estão eles, a oferta “pequeno-almoçal” continua fraca. Mas hoje há madalenas embaladas: Que bom. Fala-se das saudades de casa, dos planos para a viagem de regresso e fazem-se as despedidas porque, embora as direcções sejam diferentes, os comboios são por volta das 17h00 e ainda “vamos à Gulbenkian e ao Museu Nacional de Arte Antiga, corremos o risco de já não nos vermos mais”.
Deixar a Gulbenkian para o fim tinha uma razão: 'cafezar' com a Linda Porca que prometeu antecipadamente levar-me a ver os patos:
- Já cá estou!
- Também eu!
- Não te vejo!
- Estou na esplanada!
Ultrapassadas as dificuldades com as portas automáticas, café e conversa animada, sendo um dos temas a depilação masculina e os consequentes pêlos encravados que nem sempre são resguardados do olhar inocente e indefeso do público, fiquei em condições de afirmar que Porca é nome e não característica. Chegou a vez dos patos e lá fomos. Despedidas feitas e já é hora de almoço.
A ideia era ir directamente para o Museu, mas resolvemos almoçar na Gulbenkian. O dia estava lindo e aquele jardim merece ser admirado. Atrás de nós, na fila para o almoço, estava um casal estrangeiro. Tendo em conta as tentativas que fizeram para passar à frente, deduzi que estivessem em Portugal há já bastante tempo. Almoço comido e pardalitos alimentados à migalha, traçamos o plano: metro até ao Cais do Sodré, autocarro até ao museu, táxi para ir buscar a bagagem ao hotel e para nos levar à gare do Oriente. Comboio de regresso à Invicta em dia de Porto-Benfica.
terça-feira, 6 de maio de 2014
Crónicas de uma viagem: Jantar com Catatau e companhia
“Olá, turista! Fiquei de me encontrar com os primos do H. às 20h nos Armazéns do Chiado. Sempre jantamos ou encontramo-nos depois?”: Jantamos convosco!
Regressar ao hotel não tinha nada que saber. Era só fazer o caminho contrário, não é? Errado! Foi um processo moroso e complicado. Mas o importante não é ganhar ou perder, o que interessa é chegar à meta. Banho tomado e, mais uma vez, metro Baixa-Chiado. Com tanto atraso, chega mais uma SMS da Catatau: “Estamos no bar panorâmico do Hotel Chiado. É mesmo ao lado dos Armazéns. Vês a cidade. É mesmo giro!”
Hotel encontrado e toca subir até ao bar. À saída do elevador, vejo um corredor enorme, avançamos a medo e com o sentimento de mitra a bafejar-nos o pescoço: vão agarrar-nos e pôr-nos porta fora! Vou inspeccionando as portas abertas e “parece-me ter visto um braço no ar!” Volto para trás, confirma-se: estão aqui! Apesar da noite enublada, deu para perceber que estávamos numa posição privilegiada para apreciar uma vista realmente fantástica.
Jantar na Casa da Índia, junto ao Largo de Camões, grelhada mista para eles e costela de novilho para nós que “estou a fazer uma desintoxicação de porco”. Toma-se o café e siga para o Bairro alto, “vamos a um bar que só tem coisas portuguesas. Era muito pequeno, mas acabaram por aumentar o espaço”: voltamos ao bar da Super Bock preta. Óptimo! Fala-se de artistas literários e plásticos antigos que só vendem agora e de artistas literários e plásticos de agora que, não negando alguns bons trabalhos, são levados ao colo. Finalizada a conversa com o acabar do copo, arranca-se para outro poiso.
É no Clandestino que assentamos os arraiais. O H. manda vir shots de whisky para todos que, mesmo não estando uma noite fria, a malta de Trás-os-Montes gosta de se sentir quentinha por dentro. Deduzo que seja esta a razão, não perguntei. Bebi e calei!
De volta ao mesmo local da noite anterior, faz-se sinal ao táxi que nos levará de regresso. Com duas noites seguidas de Bairro Alto nas pernas, não há forças para encetar o diálogo. Vai ser chegar e pagar:
- Quanto é?
- Seis euros e meio.
- Desculpe, havia alguma razão para ontem ser mais caro? Ontem era feriado, hoje é sábado…
- Não, não há razão.
- Um colega seu, ontem, levou-nos nove euros e meio. E entramos no mesmo local que hoje.
- Pois… depende do trânsito… Se calhar… apanharam trânsito…
- Não, não apanhamos. Mas, pronto, o senhor só pode responder por si, não é? Boa noite!
- É... Boa noite!
Lição: Confia nos teus instintos, não acredites em tudo o que ouves e não acredites naquilo em que desejas acreditar sem levantar questões. Mas se ainda assim acreditares, não te sintas mal por isso. O problema é deles, não é teu. Quem se gaba das boas acções cometidas, quem se arma em ente com moral e ética superior à restante humanidade tem um destes dois motivos: enganar os outros ou enganar-se a si próprio.
Regressar ao hotel não tinha nada que saber. Era só fazer o caminho contrário, não é? Errado! Foi um processo moroso e complicado. Mas o importante não é ganhar ou perder, o que interessa é chegar à meta. Banho tomado e, mais uma vez, metro Baixa-Chiado. Com tanto atraso, chega mais uma SMS da Catatau: “Estamos no bar panorâmico do Hotel Chiado. É mesmo ao lado dos Armazéns. Vês a cidade. É mesmo giro!”
Hotel encontrado e toca subir até ao bar. À saída do elevador, vejo um corredor enorme, avançamos a medo e com o sentimento de mitra a bafejar-nos o pescoço: vão agarrar-nos e pôr-nos porta fora! Vou inspeccionando as portas abertas e “parece-me ter visto um braço no ar!” Volto para trás, confirma-se: estão aqui! Apesar da noite enublada, deu para perceber que estávamos numa posição privilegiada para apreciar uma vista realmente fantástica.
Jantar na Casa da Índia, junto ao Largo de Camões, grelhada mista para eles e costela de novilho para nós que “estou a fazer uma desintoxicação de porco”. Toma-se o café e siga para o Bairro alto, “vamos a um bar que só tem coisas portuguesas. Era muito pequeno, mas acabaram por aumentar o espaço”: voltamos ao bar da Super Bock preta. Óptimo! Fala-se de artistas literários e plásticos antigos que só vendem agora e de artistas literários e plásticos de agora que, não negando alguns bons trabalhos, são levados ao colo. Finalizada a conversa com o acabar do copo, arranca-se para outro poiso.
É no Clandestino que assentamos os arraiais. O H. manda vir shots de whisky para todos que, mesmo não estando uma noite fria, a malta de Trás-os-Montes gosta de se sentir quentinha por dentro. Deduzo que seja esta a razão, não perguntei. Bebi e calei!
De volta ao mesmo local da noite anterior, faz-se sinal ao táxi que nos levará de regresso. Com duas noites seguidas de Bairro Alto nas pernas, não há forças para encetar o diálogo. Vai ser chegar e pagar:
- Quanto é?
- Seis euros e meio.
- Desculpe, havia alguma razão para ontem ser mais caro? Ontem era feriado, hoje é sábado…
- Não, não há razão.
- Um colega seu, ontem, levou-nos nove euros e meio. E entramos no mesmo local que hoje.
- Pois… depende do trânsito… Se calhar… apanharam trânsito…
- Não, não apanhamos. Mas, pronto, o senhor só pode responder por si, não é? Boa noite!
- É... Boa noite!
Lição: Confia nos teus instintos, não acredites em tudo o que ouves e não acredites naquilo em que desejas acreditar sem levantar questões. Mas se ainda assim acreditares, não te sintas mal por isso. O problema é deles, não é teu. Quem se gaba das boas acções cometidas, quem se arma em ente com moral e ética superior à restante humanidade tem um destes dois motivos: enganar os outros ou enganar-se a si próprio.
Crónicas de uma viagem: Salve-se quem puder!
Montes de turistas para ver o Padrão dos Descobrimentos e a Torre de Belém. Não é fácil tirar uma fotografia sem emplastros. O vento também não ajuda no retrato. Missão cumprida, agora falta ver os Jerónimos e comer os pastéis de Belém. Passamos ao lado do CCB, mas não há tempo para tudo, fica para a próxima viagem à capital. Jerónimos visto e “onde é que são os pastéis de Belém?” Um taxista diz-nos que é na casa azul. Caminhamos para lá e deparamo-nos com uma fila enorme. Será mais fácil arranjar uma mesa do que esperar na fila para os comprar:
- Estão duas mesas a sair, mas temos esta senhora à nossa frente. Fica aqui, vou ver as outras salas!
Gente a entrar e sair por todo lado, a espera não se avizinha fácil. Mais vale ficar na primeira sala. Entretanto, avista-se um grupo de estrangeiros a fazer-se a uma das mesas candidatas a ficar livre:
- Estes caralhos estão a tentar passar-nos à frente. Fica atenta e se for preciso, atira-te para cima da mesa!
- Passar-nos à frente? Era o que mais faltava!
O americano percebe a agitação e gesticula um “this one we and that one you”: Cabrão, põe-te fino que estou atenta e defenderei com a minha própria vida a ordem de chegada! Perceber que no grupo estava uma brasileira e um português, fez-me ruborizar um bocadinho, mas não me abalou a coragem. E a união fez a força para repelir os abutres de mesas:
- Aquele grupo vai para aquela e nós estamos à espera desta mesa.
-Ai, sim.
- Sim, e estamos dispostos a lutar por elas. Só não vale arrancar olhos!
- Isto está complicado!
- Parece, mas não está. Até está a ser rápido. E, olhe, entre mortos e feridos, alguém se safará com uma mesa.
Finalmente. Rabos sentados, pastéis comidos, gemidos e “worth the battle” soltados!
segunda-feira, 5 de maio de 2014
Crónicas de uma viagem: Arre burriquito, vamos a Belém!
Entrar numa Vida Portuguesa é sentir um misto de saudosismo e esperança no futuro. Demos a voltinha da praxe, mas não comprei nada. Também não têm o tamanho médio da andorinha do Bordallo Pinheiro, ainda não é desta que termino o bando. Pronto, olhar para o mapa e descodificar o percurso.
Procura-se o metro do Martim Moniz e perde-se algum tempo a olhar para as linhas do mapa afixado. Pedimos um mapa no metro, mas não há mapas para dar. Só há tabelas de preço, “ò senhora, antigamente havia tudo, mas agora, senhora, com os cortes não há nada. E, senhora, só sou eu para fazer tudo, senhora!” – disse-nos a funcionária na nossa primeira viagem de metro. Teve sorte com a nossa aparição, de outra forma os turistas franceses nunca compreenderiam que era a linha verde que deviam procurar. Digo procurar porque os para cima e para baixo, esquerdas e direitas berrados não seriam suficientemente indicativos, quis me parecer. Mas que a moça dizia bem e repetidamente senhora, dizia (puta)!
Só há metro até ao Cais do Sodré, “e Belém ainda fica longe para caralho para ir a pé!” Um olhar mais atento e vemos uma continuação da linha a cinzento:
- Isto quer dizer alguma coisa…
- Não, não há metro.
- Olha, quer dizer que há ligação ao comboio!
E lá vamos no metro, chegada ao Cais do Sodré e “olha o Coelho da Alice, deixa tirar uma fotografia!” Vemos as placas do comboio, no entanto o seguro morreu de velho e deixa lá perguntar à miúda que aí vem:
- Olá, olhe, para ir para Belém no comboio como fazemos?
- Para ir para o comboio, é subir estas escadas à esquerda. Também dá para ir de autocarro. Qualquer comboio que vá para o Estoril ou Cascais serve.
- Tem a certeza?
- Tenho.
- Não vamos parar ao Algarve?
- Não.
- E este cartão Lisboa Viva serve para usar no comboio ou temos que comprar bilhete? (O senhor do hotel já nos tinha dito que sim que dava para tudo e que era igual ao Andante do Porto e que o Corte Inglês era igual ao de Gaia e que o Marquês era tipo a Rotunda da Boavista, mas nunca fiando...)
- O Lisboa Viva dá para tudo!
- Obrigada!
Subimos as escadas e perguntamos ao funcionário o horário do comboio pretendido. O homem levanta-se dentro da casotinha e “não sei de cor, também tenho de ver ali no placar”:
- Ai tem ali o placar… que grande… quem não sabe é como quem não vê! (Boi, não somos de cá!)
- Têm um a sair daqui a 10 minutos, saem na terceira estação: Santos, Alcântara e Belém!
- (O homem até foi um fixe!) Óptimo, obrigada!
Mais umas escadas e o comboio já lá está. Entramos e escolhemos o lugar, a carruagem já tinha povo, mas não estava cheia. Ao longe, reparo num homem de papel em punho caminhando lentamente ao longo da composição. Sempre que alguém passa por ele, pára e coloca a mão estrategicamente na boca e baixa os olhos:
- Olha, para além de seropositivo, vai falar em tuberculose!
Gera-se o silêncio e:
- Senhoras e senhores: sou seropositivo e recentemente fiz tratamento a uma tuberculose (...) Não tenho ajudas do Estado, nem de ninguém (…) se me puderem ajudar com alguma coisa, fico agradecido!
Ouvem-se alguns tilintares mas, infelizmente, a nossa cota de dinheiro para artistas já tinha sido gasta com o senhor de fato preto na passagem pela Igreja Paroquial do Santíssimo Sacramento:
- Como é que sabias que ele ia falar em tuberculose?
- Então, ele vinha desde lá de baixo a pôr a mão na boca sempre que alguém passava por ele!
Procura-se o metro do Martim Moniz e perde-se algum tempo a olhar para as linhas do mapa afixado. Pedimos um mapa no metro, mas não há mapas para dar. Só há tabelas de preço, “ò senhora, antigamente havia tudo, mas agora, senhora, com os cortes não há nada. E, senhora, só sou eu para fazer tudo, senhora!” – disse-nos a funcionária na nossa primeira viagem de metro. Teve sorte com a nossa aparição, de outra forma os turistas franceses nunca compreenderiam que era a linha verde que deviam procurar. Digo procurar porque os para cima e para baixo, esquerdas e direitas berrados não seriam suficientemente indicativos, quis me parecer. Mas que a moça dizia bem e repetidamente senhora, dizia (puta)!
Só há metro até ao Cais do Sodré, “e Belém ainda fica longe para caralho para ir a pé!” Um olhar mais atento e vemos uma continuação da linha a cinzento:
- Isto quer dizer alguma coisa…
- Não, não há metro.
- Olha, quer dizer que há ligação ao comboio!
E lá vamos no metro, chegada ao Cais do Sodré e “olha o Coelho da Alice, deixa tirar uma fotografia!” Vemos as placas do comboio, no entanto o seguro morreu de velho e deixa lá perguntar à miúda que aí vem:
- Olá, olhe, para ir para Belém no comboio como fazemos?
- Para ir para o comboio, é subir estas escadas à esquerda. Também dá para ir de autocarro. Qualquer comboio que vá para o Estoril ou Cascais serve.
- Tem a certeza?
- Tenho.
- Não vamos parar ao Algarve?
- Não.
- E este cartão Lisboa Viva serve para usar no comboio ou temos que comprar bilhete? (O senhor do hotel já nos tinha dito que sim que dava para tudo e que era igual ao Andante do Porto e que o Corte Inglês era igual ao de Gaia e que o Marquês era tipo a Rotunda da Boavista, mas nunca fiando...)
- O Lisboa Viva dá para tudo!
- Obrigada!
Subimos as escadas e perguntamos ao funcionário o horário do comboio pretendido. O homem levanta-se dentro da casotinha e “não sei de cor, também tenho de ver ali no placar”:
- Ai tem ali o placar… que grande… quem não sabe é como quem não vê! (Boi, não somos de cá!)
- Têm um a sair daqui a 10 minutos, saem na terceira estação: Santos, Alcântara e Belém!
- (O homem até foi um fixe!) Óptimo, obrigada!
Mais umas escadas e o comboio já lá está. Entramos e escolhemos o lugar, a carruagem já tinha povo, mas não estava cheia. Ao longe, reparo num homem de papel em punho caminhando lentamente ao longo da composição. Sempre que alguém passa por ele, pára e coloca a mão estrategicamente na boca e baixa os olhos:
- Olha, para além de seropositivo, vai falar em tuberculose!
Gera-se o silêncio e:
- Senhoras e senhores: sou seropositivo e recentemente fiz tratamento a uma tuberculose (...) Não tenho ajudas do Estado, nem de ninguém (…) se me puderem ajudar com alguma coisa, fico agradecido!
Ouvem-se alguns tilintares mas, infelizmente, a nossa cota de dinheiro para artistas já tinha sido gasta com o senhor de fato preto na passagem pela Igreja Paroquial do Santíssimo Sacramento:
- Como é que sabias que ele ia falar em tuberculose?
- Então, ele vinha desde lá de baixo a pôr a mão na boca sempre que alguém passava por ele!
Crónicas de uma viagem: O almoço no Cova Funda
E lá descemos as escadas que a cova é funda. Prato do dia: Galo do campo à minhota. Parece-me bem, mas "pede meia dose que ainda assim é muita comida" e confere. Era realmente muita comida. Mas que estava bom, estava.
Contam-se as aventuras matinais sobre as caminhadas e as exposições da Gulbenkian. Aconselham a visita à Vida Portuguesa que tem "coisas muitos giras e é uma antiga fábrica de azulejos, compramos o livro De caras para o R.!" Armada em bairrista, digo que no Porto também temos a loja e que não me parece que valha a pena visitar. E depois rio-me e digo que sim, digo que vou passar por lá.
Sem barriga para a sobremesa, pedem-se os cafés e a conta. As previsões indicam que não teremos fome tão cedo, foram cinco euros bem empregues. Já cá fora, o grupo algarvio sofre a primeira baixa, é altura de despedidas. Combinam-se por alto as férias de Verão e a ida ao Serralves em Festa. Hoje já não jantamos juntos que está combinado o jantar com a Catatau e o H., mas o pequeno-almoço fica marcado e aproveita-se a deixa para desfiar o rosário sobre a principal refeição do dia. No entanto, "amanhã haverá iogurtes!"
Contam-se as aventuras matinais sobre as caminhadas e as exposições da Gulbenkian. Aconselham a visita à Vida Portuguesa que tem "coisas muitos giras e é uma antiga fábrica de azulejos, compramos o livro De caras para o R.!" Armada em bairrista, digo que no Porto também temos a loja e que não me parece que valha a pena visitar. E depois rio-me e digo que sim, digo que vou passar por lá.
Sem barriga para a sobremesa, pedem-se os cafés e a conta. As previsões indicam que não teremos fome tão cedo, foram cinco euros bem empregues. Já cá fora, o grupo algarvio sofre a primeira baixa, é altura de despedidas. Combinam-se por alto as férias de Verão e a ida ao Serralves em Festa. Hoje já não jantamos juntos que está combinado o jantar com a Catatau e o H., mas o pequeno-almoço fica marcado e aproveita-se a deixa para desfiar o rosário sobre a principal refeição do dia. No entanto, "amanhã haverá iogurtes!"
sábado, 3 de maio de 2014
Crónicas de uma viagem: O que eu andei p’raqui chegar!
Sem saber como e de quanto tempo precisávamos para chegar, recebemos a SMS que, não sendo de pressão, pressionou-nos: “Olé! Estamos num restaurante perto da loja A Vida Portuguesa no Martim Moniz. O Restaurante chama-se Cova Funda. Travessa do Cidadão João Gonçalves”: Ok, vamos tentar chegar aí!
“E se fizéssemos o caminho contrário, voltar ao Castelo?”, na teoria parecia bem. Mas, fodias-te, onde é que está o Castelo? Pergunta-se ao senhor da loja dos souvenirs e é para “subir, virar à direita e descer, chegar à Rua da Madalena e…" a partir daqui não conseguimos assimilar mais nada. Olha, vamos andando e volta-se a perguntar:
- É um polícia?
- Sei lá, tenho os Ray-ban postos (tinha que falar neles!). Não estou com os óculos de ver.
- Também estou sem óculos. Mas acho que é.
- É, parece que é!
Pergunta-se ao polícia que até conhece o restaurante, fala em atravessar um largo, passar no Intendente e num chafariz onde costumam estar umas senhoras a trabalhar. Confesso que já não me lembro da ordem das indicações e não perguntamos a profissão das senhoras que trabalham no chafariz.
Sem guarda-chuva para aparar a chuva miudinha que teimava em cair e sem noção do tempo passado, chega nova SMS: “Se não encontrarem o restaurante ou se for longe para vocês, podemos encontrar-nos algures no Chiado. Não se matem para cá chegar!” Tudo bem, a malta não se mata, mas tinha-se tornado numa questão de honra chegar ao Cova Funda!
Na rua começam a surgir pessoas estranhas, fico em estado de nervos. A tentar perceber alguma movimentação menos honesta, ponho a minha cara de bairro social e começo a ensaiar um “rebento-te essa boca toda que te fodo, caralho!”. Mas, felizmente, não foi preciso. Lá está a Vida Portuguesa e, mais uns metros à frente, o Cova Funda: prova superada!
“E se fizéssemos o caminho contrário, voltar ao Castelo?”, na teoria parecia bem. Mas, fodias-te, onde é que está o Castelo? Pergunta-se ao senhor da loja dos souvenirs e é para “subir, virar à direita e descer, chegar à Rua da Madalena e…" a partir daqui não conseguimos assimilar mais nada. Olha, vamos andando e volta-se a perguntar:
- É um polícia?
- Sei lá, tenho os Ray-ban postos (tinha que falar neles!). Não estou com os óculos de ver.
- Também estou sem óculos. Mas acho que é.
- É, parece que é!
Pergunta-se ao polícia que até conhece o restaurante, fala em atravessar um largo, passar no Intendente e num chafariz onde costumam estar umas senhoras a trabalhar. Confesso que já não me lembro da ordem das indicações e não perguntamos a profissão das senhoras que trabalham no chafariz.
Sem guarda-chuva para aparar a chuva miudinha que teimava em cair e sem noção do tempo passado, chega nova SMS: “Se não encontrarem o restaurante ou se for longe para vocês, podemos encontrar-nos algures no Chiado. Não se matem para cá chegar!” Tudo bem, a malta não se mata, mas tinha-se tornado numa questão de honra chegar ao Cova Funda!
Na rua começam a surgir pessoas estranhas, fico em estado de nervos. A tentar perceber alguma movimentação menos honesta, ponho a minha cara de bairro social e começo a ensaiar um “rebento-te essa boca toda que te fodo, caralho!”. Mas, felizmente, não foi preciso. Lá está a Vida Portuguesa e, mais uns metros à frente, o Cova Funda: prova superada!
Crónicas de uma viagem: Alfama et al
Outra vez o metro Baixa-Chiado, descida e mapa na mão para descortinar as ruas e travessas. Subida de rua inclinada e “elevador para o Castelo de São Jorge? Dentro do Pingo Doce? Será?” Avança-se a medo e parece que é mesmo. Entramos nós e mais dois. Foda-se, o elevador é panorâmico: tenho vertigens, caralho! Encosto-me à porta enquanto os outros dois perguntam coisas num português alterado. Não percebo se são portugueses emigrados ou emigrados em Portugal. Mas também não era a melhor altura para perguntar ou responder ao que quer que fosse. Felizmente a viagem é curta.
Faz-se tudo sem percalços apesar das obras no caminho. Avançamos pelo Chapitô e lá está o Castelo de São Jorge. Pronto, está visto! Siga para a Alfama que também há vontade de passar em São Vicente por causa do ateliê de não sei quem “onde há umas sardinhas em pano muito giras!”
Rapidamente chegamos a Alfama, lá estão os eléctricos e ao longe vê-se o Panteão: Temos que tirar uma selfie! Passamos pelo Jardim das Pichas Murchas que de jardim só tem a placa. Não vi relvado ou flores em lado nenhum. Com certeza murchou e cimentaram tudo. “Olha, que giro, Rua dos Cegos! Deixa-me tirar uma fotografia também a esta!”
Largo da Graça, Rua da Graça, Igreja da Graça, procuram-se a indicações para São Vicente e chega a SMS com a “Mudança de planos: para vocês não terem de vir para aqui de propósito, poderíamos encontrar-nos na zona do Martim Moniz que tem mais oferta de restaurantes e lojas interessantes. Quando estivermos na zona, mando SMS a sugerir ponto de encontro”: Ok!
Abandonamos a procura de São Vicente para começar a ir para o Martim Moniz. Paragem no café que tinha gato no nome. Repõem-se os níveis da cafeína, partilham-se as fotografias no Instagram apesar dos constantes protestos: Que foi? Tenho de partilhar esta merda do Jardim das Pichas Murchas. Não posso guardar esta pérola só para mim!
De acordo com as indicações do Senhor do café “para o Martim Moniz é sempre em frente!” Deparo-me com a Travessa das Mónicas: Tenho que tirar uma fotografia para enviar a uma amiga! De volta ao caminho e, como é natural, o sempre em frente é bastante subjectivo e varia de pessoa para pessoa. Não encontramos o Martim Moniz, mas chegamos a São Vicente. Admira-se a Igreja e procura-se o tal ateliê que afinal “não tem as sardinhas giras em pano. Mas da outra vez tinha”: Ai sim?! Que bom.
sexta-feira, 2 de maio de 2014
Crónicas de uma viagem: O pequeno-almoço e o desalento estampado no rosto
Despedidas feitas à porta do elevador e pequeno-almoço marcado para as 09h30 da manhã. A hora já ia adiantada e a noite iria ser dormida a correr. Mas, que se lixe, quando morrer terei tempo para estar de olhos fechados.
O despertador cumpre a sua função e salto para o banho. Hoje não lavo a cabeça que já se faz tarde e não tenho tempo para usar toda a parafernália de domesticação dos caracóis. Mas se a lavasse, inundaria a casa de banho. O polibã era tão pequeno que, (foda-se, já vi tampas de saneamento maiores!) quando esfregasse a cabeça, ficaria com os cotovelos de fora.
Desço e sigo para a sala de refeições. Na mesa ao fundo, já estão sentados os convivas da Rua da Prata. Trocam-se os bons dias e vão avisando que a “oferta pequeno-almoçal” não é grande coisa. Mas nada me teria preparado para aquilo: onde está o meu sumo de laranja natural? O meu pão integral? As frutas? Os bolos? Iogurtes? Damn it! Come-se o que há e em quantidade suficiente para aguentar o andamento até à hora do almoço:
- Nós estamos a pensar em ir até à Gulbenkian, almoçar por lá e vocês?
- Queremos ir a Alfama e à tarde ir até Belém, nunca fui a Belém. Nunca estive no Padrão dos Descobrimentos. Ou melhor, nunca passeei em Lisboa. Sempre passei por aqui em trânsito para outros lados. Mas podemos almoçar juntos, não?
- Sim, sim. Almoçamos juntos!
O despertador cumpre a sua função e salto para o banho. Hoje não lavo a cabeça que já se faz tarde e não tenho tempo para usar toda a parafernália de domesticação dos caracóis. Mas se a lavasse, inundaria a casa de banho. O polibã era tão pequeno que, (foda-se, já vi tampas de saneamento maiores!) quando esfregasse a cabeça, ficaria com os cotovelos de fora.
Desço e sigo para a sala de refeições. Na mesa ao fundo, já estão sentados os convivas da Rua da Prata. Trocam-se os bons dias e vão avisando que a “oferta pequeno-almoçal” não é grande coisa. Mas nada me teria preparado para aquilo: onde está o meu sumo de laranja natural? O meu pão integral? As frutas? Os bolos? Iogurtes? Damn it! Come-se o que há e em quantidade suficiente para aguentar o andamento até à hora do almoço:
- Nós estamos a pensar em ir até à Gulbenkian, almoçar por lá e vocês?
- Queremos ir a Alfama e à tarde ir até Belém, nunca fui a Belém. Nunca estive no Padrão dos Descobrimentos. Ou melhor, nunca passeei em Lisboa. Sempre passei por aqui em trânsito para outros lados. Mas podemos almoçar juntos, não?
- Sim, sim. Almoçamos juntos!
Crónicas de uma viagem: Taxistas de lá e de cá - 3
Trajecto Bairro Alto ao ponto X: o altruísmo e a falta de civismo
Tira-se a selfie da noite no Bairro Alto e vamos embora que o dia foi longo e cansativo. Avista-se um táxi e faz-se sinal de paragem, toca a entrar e a acertar o destino. Não se bebeu muito, mas foi o suficiente para soltar o diálogo perante a imagem de três urinadores públicos:
- Que nojo!
- Que foi?
- Não viste? Estavam a mijar na rua. Badalhocos! Que falta de civismo!
- Olhe, ali há pouco, passei por um colega que estava parado para a cliente vomitar.
- Pouca sorte, ao menos que não tenha vomitado no carro…
- E é um carro novinho!
- Coitado…
- Para bem ser, o carro devia ir à desinfestação. Hoje já não vai, só pode ir no sábado de manhã. Domingo está fechado. Segunda tem que ir a uma inspecção e só depois é que o carro pode voltar a trabalhar, Já viram? Quem é que paga o prejuízo?
Éramos três passageiros e concordamos todos que era fodido, só não foi exactamente por estas palavras… ou terá sido? Mas pronto, sim, o homem disse desinfestação. Toda a gente sabe que para os taxistas os bêbados são praga e o vómito a sua disseminação, logo só faz sentido a desinfestação.
Palavra puxa palavra e ficamos a saber que no ano novo o senhor traz sempre sacos no carro, que há miúdos a sair de casa com uma roupa, a trocar por outra no carro e a deixar ficar algumas lembranças para trás, que uma vez lhe perguntaram “Sr. motorista não se importa que mude as cuecas” pois a senhora estava a sair de um para entrar noutro trabalho. Até que chegamos à parte do miúdo que se distraiu na noite e não tinha outra forma de regressar a casa a não ser de táxi. O desgraçado não tinha bateria no telemóvel, não sabia o número da mãe e morava já não me lembro onde, mas que era longe para caralho (longe foi o taxista que disse e o caralho acrescento eu para dar ênfase ao dramatismo da narrativa). Levou o puto a casa, mas a mãe não estava. Ciente de que podia ficar a arder, mas confiante na boa acção, regressou sem receber e deixou ficar o cartão (ui, esta merda rima!). A plateia, que éramos nós, ficou extasiada com tamanha bondade e fomos verbalizando a necessidade da existência de mais pessoas a fazer o bem sem pensar em recompensas. Mas, nestas coisas das parábolas, o bem é sempre recompensado! Uns dias depois, a mãe do puto ligou e marcaram encontro no Colombo. Foi a família nuclear toda, não só pagaram a corrida como ainda lhe ofereceram um bolo de chocolate feito pela senhora:
Plateia: OoOoOoH que fofos!
Esta receptividade toda promoveu a divulgação de mais um episódio. Desta feita, a protagonista era uma velhinha que vinha carregada de compras e morava num prédio sem elevador. Sem pensar nas consequências, estacionou em segunda fila e agarrou nos sacos para galgar as escadas. Ao descer, encontrou um automobilista furioso que, ao saber da razão, logo se apaziguou:
Taxista: Nós não sabemos como vai ser connosco. Não sabemos o dia de amanhã! Nós também vamos chegar lá!
Plateia com a fé restaurada na bondade humana: Pois não, fez muito bem! Ninguém ajuda ninguém. Ninguém se põe no lugar do outro!
Chegados ao destino, pagam-se os nove euros e cinquenta. Verificamos alguma dificuldade em sair porque o homem tinha engatado na contagem de episódios e notou-se o sofrimento por perder tamanha plateia. Lá conseguimos sair, mas não sem antes levar o cartão e deixar a promessa de que não nos riríamos do nome dele.
Tira-se a selfie da noite no Bairro Alto e vamos embora que o dia foi longo e cansativo. Avista-se um táxi e faz-se sinal de paragem, toca a entrar e a acertar o destino. Não se bebeu muito, mas foi o suficiente para soltar o diálogo perante a imagem de três urinadores públicos:
- Que nojo!
- Que foi?
- Não viste? Estavam a mijar na rua. Badalhocos! Que falta de civismo!
- Olhe, ali há pouco, passei por um colega que estava parado para a cliente vomitar.
- Pouca sorte, ao menos que não tenha vomitado no carro…
- E é um carro novinho!
- Coitado…
- Para bem ser, o carro devia ir à desinfestação. Hoje já não vai, só pode ir no sábado de manhã. Domingo está fechado. Segunda tem que ir a uma inspecção e só depois é que o carro pode voltar a trabalhar, Já viram? Quem é que paga o prejuízo?
Éramos três passageiros e concordamos todos que era fodido, só não foi exactamente por estas palavras… ou terá sido? Mas pronto, sim, o homem disse desinfestação. Toda a gente sabe que para os taxistas os bêbados são praga e o vómito a sua disseminação, logo só faz sentido a desinfestação.
Palavra puxa palavra e ficamos a saber que no ano novo o senhor traz sempre sacos no carro, que há miúdos a sair de casa com uma roupa, a trocar por outra no carro e a deixar ficar algumas lembranças para trás, que uma vez lhe perguntaram “Sr. motorista não se importa que mude as cuecas” pois a senhora estava a sair de um para entrar noutro trabalho. Até que chegamos à parte do miúdo que se distraiu na noite e não tinha outra forma de regressar a casa a não ser de táxi. O desgraçado não tinha bateria no telemóvel, não sabia o número da mãe e morava já não me lembro onde, mas que era longe para caralho (longe foi o taxista que disse e o caralho acrescento eu para dar ênfase ao dramatismo da narrativa). Levou o puto a casa, mas a mãe não estava. Ciente de que podia ficar a arder, mas confiante na boa acção, regressou sem receber e deixou ficar o cartão (ui, esta merda rima!). A plateia, que éramos nós, ficou extasiada com tamanha bondade e fomos verbalizando a necessidade da existência de mais pessoas a fazer o bem sem pensar em recompensas. Mas, nestas coisas das parábolas, o bem é sempre recompensado! Uns dias depois, a mãe do puto ligou e marcaram encontro no Colombo. Foi a família nuclear toda, não só pagaram a corrida como ainda lhe ofereceram um bolo de chocolate feito pela senhora:
Plateia: OoOoOoH que fofos!
Esta receptividade toda promoveu a divulgação de mais um episódio. Desta feita, a protagonista era uma velhinha que vinha carregada de compras e morava num prédio sem elevador. Sem pensar nas consequências, estacionou em segunda fila e agarrou nos sacos para galgar as escadas. Ao descer, encontrou um automobilista furioso que, ao saber da razão, logo se apaziguou:
Taxista: Nós não sabemos como vai ser connosco. Não sabemos o dia de amanhã! Nós também vamos chegar lá!
Plateia com a fé restaurada na bondade humana: Pois não, fez muito bem! Ninguém ajuda ninguém. Ninguém se põe no lugar do outro!
Chegados ao destino, pagam-se os nove euros e cinquenta. Verificamos alguma dificuldade em sair porque o homem tinha engatado na contagem de episódios e notou-se o sofrimento por perder tamanha plateia. Lá conseguimos sair, mas não sem antes levar o cartão e deixar a promessa de que não nos riríamos do nome dele.
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