segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Amor e uma barraca | Capítulo V

Assim que entrou, Rosinha esticou-lhe uma mini. Uma mini de abertura fácil porque, afinal de contas, havia muita terra por lavrar e pouca margem para se perder tempo.

Nada fazia prever tão intensa e irrequieta sessão física. Cajó desdobrou-se entre o sofá sem braços e a cama que range. Chegou a temer pela própria vida que a “idade já não permite tantos malabarismos”. Aliás, só não houve alicerces afectados por se tratar de um moderno monobloco. Mas os dois quase puderam jurar, no momento em que saíram para jantar, que o monobloco terá deslizado alguns centímetros. “É o que acontece quando há terramotos e uma placa mexe-se sobre outra”, explicou Cajó dando uma nova interpretação e utilidade ao que vê nos canais por cabo. E isto impressionou Rosinha que se agarrou ainda mais ao braço de Cajó.


Ele abriu-lhe a porta do táxi, ajudou-a a acomodar-se porque um rabo quarenta em calças trinta e seis dá sempre algum trabalho. Seja pelo rabo em si, seja pela castração de movimentos imposta pelas calças. Cajó contornou a viatura e sentou-se ao volante. Seguiram para a churrasqueira a alta velocidade, a fome apertava. Nunca lá chegaram. Mas não se perdeu tudo. Eternizaram o amor. 


FIM

Nota da autora: Perguntaram-me por estes dois, pensei que bastaria um final aberto para acabar esta história de amor suburbano entre uma manicure e um taxista. Mas não, para duas pessoas esta abertura não era suficiente. Vidas.

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