terça-feira, 9 de julho de 2013

Chamadas perdidas

No tempo do telefone fixo, as pessoas tinham mais cuidado com as horas a que ligavam. O agente telefonador não ligava a ninguém durante o dia porque poderia não estar em casa a pessoa que pretendia contactar. Telefonar, só depois das 21 horas porque não só a chamada ficava mais barata como também não se corria o risco de interromper o jantar do sujeito telefonado. Hoje, no tempo das comunicações móveis, liga-se a qualquer hora e estranha-se quando alguém não atende. O telemóvel não é visto como um objecto independente, é considerado uma espécie de apêndice ou prótese que deverá estar sempre acoplada ao seu usuário. Somos interrompidos nas mais diversas situações e, às vezes, para atender o telefone, deixamos pendurado quem está à nossa frente. É certo que a hora de jantar já não é a mesma, foi democratizada e não é obrigatório jantar entre as 20h e as 21 horas. As únicas coisas que mantêm este horário, excepto em dias de futebol, são os telejornais e até poderia fazer uma metáfora ou analogia sobre a não mudança em muita coisa, mas não o vou fazer. Fico-me pelo alargamento de horário que facilita a interrupção da hora do jantar. E, passem os anos que passarem, para mim será sempre a altura que menos gosto de ser incomodada. Em relação a outras situações mais íntimas e intensas, tenho todos sentidos ocupados e só muito mais tarde é que dou conta das chamadas perdidas.

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