segunda-feira, 25 de maio de 2015

Desconstruído

Tenho uma amiga que resolveu dar-me livros que já leu. Diz que aprendeu a deixá-los ir e quer espaço para outros. Não sei se é bom ou se é mau, só sei que eu não consigo deixá-los ir. Guardo todos, até os livros que não gostei. E isto fez-me lembrar a minha ida a Malága. Comprei este livro e outros dois (Selected Tales, Edgar Allan Poe e The Adventures of Sherlock Holmes, Sir Arthur Conan Doyle) num alfarrabista. Mas este tem a particularidade da dedicatória. Quando a li, não a vi no momento da compra, senti que estava a invadir a intimidade de duas pessoas. O que terá acontecido? Não deixaria um livro nunca, mas com uma dedicatória muito menos. Mesmo que esse alguém me pudesse ter desiludido. Aquilo faria parte de um momento feliz, ainda que sem continuidade. Critico muitas vezes a mania de intelectualizar ou racionalizar tudo. Principalmente quando a ideia é desconstruir para simplificar e acabam por construir por cima. Às vezes as coisas são o que são e não significam mais nada para além daquilo. Não é normal um resumo ser maior que a obra original. Mas apetece-me construir por cima.

2 comentários:

  1. Já tenho pensado o mesmo: deixar ir uma catrefada de livros. Mas depois até tenho vergonha. Há "estórias" decalcadas ou vá, construídas por cima. E ninguém tem de levar com isso. .)

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    1. Não, ninguém tem que levar com isso :) Mas pelo menos já o pensaste fazer. Só de pensar nessa possibilidade... não consigo pensar nessa possibilidade :)

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