Há dois anos foram buscar-te à casa
onde te deixaram sozinho. Mudaram de casa e esqueceram-se de ti. A
vizinhança alimentava-te amiúde, mas a fome e a sede eram a tua
companhia frequente. Chegaste ao abrigo com a tristeza estampada. E foi
por isso que te chamaram Fiel. Continuavas a amar quem te abandonou.
Estimaram-te a idade em 14 anos, pensamos que não ias durar muito e que
ias morrer de saudade. No entanto, tal como nos humanos, o tempo cura tudo. A
tua alegria tranquila e dócil ganhou força de viver. Foi um privilégio
conviver contigo nestes dois anos. Não queria fazer parte da decisão,
queria pedir-te desculpa pela decisão. Contudo, não era justo
obrigar-te a viver só porque nos custava ver-te morrer. Queria ter a
certeza da tua felicidade connosco. Resta-me o conforto de fazer parte
do grupo de pessoas que não foi indiferente ao teu sofrimento e que te
amou sem restrições. Não foste o cão de ninguém, foste o nosso Fiel.
Sim, também sou coninhas e o blogue não tem este propósito. Mas tinha um nó na garganta a precisar de ser desfeito. E com a partida do Fiel, lembrei-me do Tomás, do Tufão, da Maia, da Asha, da Nina e da Rambo. Cães como nós e todos eles merecem o céu.
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