São trocadas milhares de declarações por semana e a intensidade é tanta que o ‘gosto de ti’ ou ‘gramo-te bués’ já não serve. Ele é o ‘amute BFF’ (amo-te, best friend forever) e o ‘amuvos BFF’ (amo-vos, best friends forever). Assistimos às marcações de fotografias com todas estas dedicatórias e o discorrer dos comentários a afiançar o mesmo sentimento pelo autor. Aos treze anos, estes miúdos, sofrem como alguém de vinte ou trinta anos. Relembram todos ‘os nossos mumentos ‘ e garantem que ‘vida sem ti nao faz qualquer sentido’. Aqui, nas trocas de declarações, não interessa se é menino ou menina. Basta existir e ter Facebook. Eles amam-se e ponto.
O que é feito do conceito de pessoa especial? Não há o gostar e depois o amar? Esta banalização do amor soa a falsidade. Será uma forma de luta contra o Bullying? Ou será que existe um novo sentimento em tudo superior ao amor e desconhecido pelos adultos?
Quando chega esse sentimento? Como se
manifesta? Como é vivido esse sentimento? Se no amor vale tudo, como
será com o – chamemos-lhe assim – “supra-amor”?
São muitas as perguntas para as quais não
temos resposta, mas uma coisa asseguramos: se este sentimento superior
se chamar “supra-amor”, o mais certo é que muitos escrevam “sopra môre”
ou algo do género, porque, hoje em dia, não basta escrever nos murais
que se ama ou que se supra-ama alguém. É preciso muito mais. É preciso
escrevê-lo com o maior número de erros ortográficos que a frase consiga
suportar. E porquê? Porque o coração tem razões que a própria razão
desconhece.
Nota:
Este é mais um texto do antigo blogue e também foi escrito por dois pares de mãos, um
par é meu e o outro par é da L.
Sem comentários:
Enviar um comentário