Até parece que foi ontem que saí da Covilhã, recordo como fiquei intrigada quando ouvi pela primeira vez o insulto "cona da mãe". Se calhar não devia ter perdido tanto tempo com isto, mas estas coisas do calão fazem-me sempre reflectir na génese e significado das expressões. Seria um insulto às mães? Uma forma diferente de chamar filha da puta? Seria uma verdade de La Palice: se existes, tens mãe e se tens mãe, esta tem cona? Perdi 10 minutos nisto e cheguei a uma conclusão: é melhor não falar à minha mãe sobre este assunto, quer-me parecer que ela não ia gostar.
Esta não foi a única expressão que me causou estranheza e me fez ver a diferença linguística entre a Covilhã e o Porto. Esta diferença vê-se nas palavras e também nos actos. Na Covilhã chamam broches às pessoas, aqui, no Porto, fazem-se. E o resultado - ou sentimento - final do dito e do feito é completamente diferente.
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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
Lost in translation
Acabada a instrução primária e a caminho do preparatório, a minha rica mãezinha achou por bem oferecer-me o Dicionário do Calão do Circulo de Leitores. O objectivo era preparar os meus ouvidos para algumas palavras menos eruditas. Se alguém me dirigisse palavras menos próprias, a minha mãe queria ter a certeza que eu entenderia o que me estava a ser dito.
Como devem imaginar, não me dediquei à mera consulta de palavras. Agarrei o livro na letra A e acabei na letra Z e se houve palavras que ouvi e disse, também houve outras que não passaram do papel. Mas não é por isso que vos escrevo estas linhas. Para dar sentido a todas estas palavras soltas, tinha dado jeito um manual que me ensinasse a lógica e a sua aplicação no contexto real da vida diária.
Um exemplo dessa necessidade revelou-se há umas semanas atrás quando descobri que a palavra ‘marmita’ quer dizer ‘cabeça’. Sempre pensei que significasse ‘cona’ porque no Norte, quem levava almoço para o trabalho, nomeadamente os senhores dos andaimes, chamava ‘cona’ à marmita. Nunca ninguém me explicou que, nestas coisas do calão, as palavras não gozam da propriedade comutativa, a troca de significados entre as duas palavras nem sempre se aplica. Naturalmente, nunca achei piada às expressões ‘vais levar tantas nessa marmita’ ou ‘estás toda comida da marmita’. Mas, mais vale tarde do que nunca, agora sei ao que realmente se referem e não fico chateada com os comentários à minha marmita.
Moral da história: Antes de me chatear, confirmar se tenho razões para isso. Encarar as coisas pela positiva: viver e aprender!
Mais um texto do falecido blogue.
Como devem imaginar, não me dediquei à mera consulta de palavras. Agarrei o livro na letra A e acabei na letra Z e se houve palavras que ouvi e disse, também houve outras que não passaram do papel. Mas não é por isso que vos escrevo estas linhas. Para dar sentido a todas estas palavras soltas, tinha dado jeito um manual que me ensinasse a lógica e a sua aplicação no contexto real da vida diária.
Um exemplo dessa necessidade revelou-se há umas semanas atrás quando descobri que a palavra ‘marmita’ quer dizer ‘cabeça’. Sempre pensei que significasse ‘cona’ porque no Norte, quem levava almoço para o trabalho, nomeadamente os senhores dos andaimes, chamava ‘cona’ à marmita. Nunca ninguém me explicou que, nestas coisas do calão, as palavras não gozam da propriedade comutativa, a troca de significados entre as duas palavras nem sempre se aplica. Naturalmente, nunca achei piada às expressões ‘vais levar tantas nessa marmita’ ou ‘estás toda comida da marmita’. Mas, mais vale tarde do que nunca, agora sei ao que realmente se referem e não fico chateada com os comentários à minha marmita.
Moral da história: Antes de me chatear, confirmar se tenho razões para isso. Encarar as coisas pela positiva: viver e aprender!
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