quarta-feira, 18 de junho de 2014

Coisas do arco da velha

It's my party and I'll cry if I want to...
Moram por cima de mim e têm a varanda recuada. Naquelas cabeças a via pública é de todos e, por isso, de ninguém. Logo, é legítimo sacudir e atirar o que não faz falta em casa. E o meu terraço, naquelas cabeças, é equiparado à via pública. Sacudir o tapete, sacos, mochilas e estender um edredão a pingar sobre o meu terraço não é nada de mais. Mas já é aborrecido quando o vento o faz cair e os meus cães o desfazem, criando, assim, um cenário de estância de ski com 30 graus à sombra. E, depois, a velha, que resolveu divulgar-me a falta de dentes frontais (agora que conheço o espaço entre o canino direito e o canino esquerdo, resolvi dar-lhe o nome de arco da velha), vai para a janela berrar com eles e comigo porque "vai ter que pagar, foi para o lixo e a minha filha tem dois cães em casa e não estragam nada". Calmamente disse-lhe que não me podia responsabilizar pelo que deixam cair no meu terraço e que os meus cães não foram a casa deles estragar nada. Podia ter-lhe dito que, se é para berrar comigo, devia ter colocado a placa que os desdentados fazem-me aflição. Resolvi relevar e espero que não volte a acontecer. Mas, a velha, continuava a gritar. Retirei-me. Sou uma lady com coração jabardo, é certo. Mas não entro em peixeiradas. Já passaram dois dias e estou a pensar bater-lhes à porta.

Em tempos, puseram uma costeleta a arrefecer no "taparuére" para levar no dia seguinte. A caixa caiu e a costeleta foi-se. Meti o recipiente na máquina e entreguei-o lavado.  Só não lhe paguei a costeleta porque os meus colegas disseram que bastava lavar a caixa. Também perdoei o terem-me manchado as almofadas das espreguiçadeiras com roupa colorida e "pingante".  Não o devia ter feito?

8 comentários:

  1. Olha, tu és the girl next door.
    É óbvio que a desdentada (cruzes!) é responsável por tudo o que deixe cair no teu terraço. É exactamente a mesma coisa se deixar cair no passeio, ir um cão a passar e comer-lhe os tapetes. Ela vai travar-se de razões com o dono do cão? (Vai, mas não tem razão e ninguém lha vai dar).
    Mas eu também sou assim (como tu, e com dentes, entenda-se). Devemos ganhar uma medalha de papelão, em algum tempo e lugar.

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    1. Não tenho sorte nenhuma. E até tenho pena da mulher...

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    2. Pois, percebo. A boca dela é só o espelho da desgraça toda.

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    3. Pois é isso, a mulher reformada e durante o dia está sozinha. Ouve mal, a filha disse-me em tempos que ela tinha Alzheimer... chateia-me o não perceberem que não deviam fazer estas coisas. Eu sei que não o fazem por mal. E penso que se acontecer alguma coisa ao meus cães não tenho coragem de lhes apresentar a conta. Deixam cair roupa interior e a minha Maria Anita já tem histórico clínico por comer cuecas e meias :D

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    4. A tua Maria Anita é a da foto? É tão gira! :)

      Essa é uma das situações em que mais não se pode fazer senão aguentar de cara alegre. Nós também não sabemos para o que é que estamos guardados...

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    5. Sim, é a minha Maria Anita :) E, quanto à situação, é isso que pretendo fazer... E já desabafei, inchou, desinchou e passou :D

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    6. Isso é o que eu chamo bom feitio :)

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