Foi por estes dias. Mesmo que não houvesse todos os santos, fiéis defuntos e dia dos mortos, iria lembrar-me. O meu corpo trai-me. No cérebro pareço ter uma espécie de calendário biológico. Primeiro a tristeza, depois a falta de apetite e por fim as lágrimas que teimam em cair. Não memorizei o dia. Sei o ano, o dia e a hora a que nasceste. A outra diz que para morrer basta estar vivo, eu penso que para existir tens que nascer. E é essa data que recordo. É a tua existência que quero recordar, não o dia em que morreste e foste enterrado. Não quero que tenham pena de mim. Não quero falar da puta da doença que não te matou, mas que te levou a morrer. Quero contar os episódios que vivemos juntos. Quero contar as tuas piadas. Quero que saibam que existiu um puto inteligente e com um sentido de humor incrível. Não quero que pensem em ti como o meu falecido irmão. O irmão mais novo que morreu antes da irmã mais velha. Não é a morte que nos define, é a vida. Não eras apenas o meu irmão, eras o meu melhor amigo. Dificilmente conseguirei confiar em alguém como confiava em ti. Eu compreendia as tuas piadas e tu compreendias as minhas. Fazes-me falta. Felizmente, a vida tem me dado bons amigos.
Mais texto que trago do outro blogue. Tinha que ser, não o consigo esquecer.
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